segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Despojo


Foto: Blog do Mesquita

Batem do corpo a poeira, a fadiga e o sangue,
Mas há na lembrança marcas escritas com fogo
Parasitando-lhes o que sobrou de existência.

O Sol em zênite lhes triplica o fardo.
Nas feridas da carne ardem as súplicas
Enquanto a honra distorcida ignora clemência.

Já não se entoam cânticos sobre este solo
Pois a terra esqueceu seu próprio nome,
E as vozes foram ceifadas com bombas.

Escondem a face mulheres e homens
Pois se fez estéril sua esperança
Diante da mão que sufoca o amanhã.

Dobram os joelhos os filhos de Alá
Resistem ao câncer que os oprime
Que a ganância soprou para o céu do Oriente.

A guerra que desfigurou o rosto do deserto
Agora desvia os olhos e tenta esqucer as marcas.

Quando transformam-se os discursos infecundos
E as fronteiras já não suportam as moléstias
O que sobra é um país transmutado em despojo.

E a águia já não sustenta em voo a própria soberba.






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