I
Fiz de mim reminiscência...
A noite desdobra-se em cálida mesura
Novamente, é tempo de poesia
Me abandono...
Senta o silêncio ao meu lado
Do chapéu retira uma carta
A lança no ar, como a interpelar-me
Como a dizer que lê minh'alma
De fato sabe dela mais que sei eu
Pois cada palavra não dita
Cada gesto que morre em essência
É fragmento que a ele alimenta
E eu, arquejando...
Pra não me deixar consumir
componho versos...
II
Digo do amor que trago em mim
Das matizes azuladas e rosáceas que me traduzem
E que novamente teimam em pintar o impossível.
Confio às letras e ao silêncio
A dor exangue do poeta infecundo
Que ao plantar seus versos
encontra sempre um coração fechado.
E na ausência da plenitude
Caminha com olhos errantes
Fitos nos gracejos do horizonte.
III
Mora no silêncio também a minha busca
Dos Elíseos Campos onde termina a vida
Onde os dignos podem as armaduras deitar
Calam as entranhas dos caminhos
Como muita vez desejei calar a pegada
Do passo escrito em solidão
Andei sozinho, e continuo...
Tendo como fruto e companhia
Apenas os versos de quem cala
Que o silêncio me empurra a escrever...
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