“Frida é minha
filha mais inteligente, é a que mais se parece comigo”. Essa elogiosa frase,
atribuída a Ghillermo Kahlo, é um dos registros instalados nas paredes do Museu
Oscar Niemeyer que contribuem mais fortemente para o tom intimista da exposição
“Frida – Suas Fotografias”, aberta à visitação até o dia 2 de novembro.
Mais do que apenas tomar conhecimento de fatos e imagens
históricas ligadas à Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, o
público mais atento têm a chance única de observar as linhas condutoras do
amadurecimento do olhar de uma das mais expressivas artistas plásticas de que
se tem notícia, capaz de desenvolver um estilo inconfundível de expressão, que
tem sua gênese calcada no ambiente familiar fecundo e propício às artes, e que
se delineia nas turbulências de um grave acidente, amores intensos – e plurais
– e fervorosa atuação política.
Nas 257 fotografias – selecionadas cuidadosamente de um
arquivo com cerca de 6.500 – é possível notar desde o fascínio do pai pelo
autorretrato (paixão herdada pela filha e expressa em várias de suas obras); o
apreço por diversas figuras familiares; a inspiradora Casa Azul; além da dor da
artista devido a um acidente de bonde, sua luta para seguir pintando mesmo em
processo de recuperação e, mais ainda, o modo como essa experiência traumática
marcou para sempre, e de forma profunda, sua produção artística.
Merece um capítulo à parte a sessão dedicada aos registros
relativos ao esposo Diego Rivera, também artista, com quem vivia um
relacionamento de constantes tensões e que inegavelmente contribuiu para o
afloramento de toda grande parte da carga emocional peculiar em seu niilismo. O
esposo muitas vezes representou vetor de força que mantinha a genialidade de
Frida efervescente, cujo comportamento reprovável impulsionava a pintora a
buscar novas emoções, que acabavam por povoar suas telas.
Tanto vigor – dos dois – talvez também possa se achar nas
causas do envolvimento político. A exposição também demonstra uma estreita
ligação deles com grandes nomes da esquerda mexicana e internacional da época.
Nomes como Emiliano Zapata figuram entre os retratados. Diego foi responsável pelo
registro interno das instalações de uma das fábricas Ford em seu sistema de
produção clássico, como forma de evidenciar condições de trabalho com as quais
não concordava.
Diante de tal pluralidade de estímulos visuais, o visitante
passa a filtrar sua visão do trabalho de Frida através também dessas
referências, de modo que a exposição acaba por desempenhar um papel de
evidenciar os moldes – se é que é possível falar em moldes – sob os quais se
estrutura a concepção criativa da pintora, ressaltando ainda mais a unicidade
de suas manifestações.
Serviço
Exposição “Frida – Suas Fotografias”
Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal Hermes, 999 – Centro.
Terça a domingo: 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)
Ingressos entre R$ 6 e R$ 3
Nenhum comentário:
Postar um comentário