quinta-feira, 28 de abril de 2011

... eu e os prelos, os prelos e eu

"Que maravilha o brilho da inteligência humana!" - tal foi o pensamento que (docemente) inundou meu mundo enquanto admirava o girar da rotativa por através daquele vidro.
Enquanto os fatos eram impressos em corpo 12 -  acredito ser - e ganhavam imagens pra preencher titânicos rolos de papel que amanhã estarão organizados em cadernos e manchetes, a acompanhar o dejejum dos que sorvem um pouco do mundo junto com o café antes de irem trabalhar, lembrava eu da primeira vez em que me fiz seriamente aquela pergunta: "Ei, o que eu quero ser quando crescer?" E a resposta estava lá, bem diante dos meus olhos...

Tocava o vidro com as pontas dos dedos como se pudesse tocar um sonho, observava a materialização do suor, sangue e lágrimas de meus agora "colegas de trabalho", com uma entorpecente realidade em mente: a partir de agora, aqui também estarão o meu sangue, o meu suor e as minhas lágrimas. E, de repente, como que para legitimar esta certeza, derramei algumas gotas furtivas do pranto mas cálido que já me ocorreu.

Pois naquele momento estavamos ali apenas eu e os prelos, os prelos e eu...  
  

terça-feira, 19 de abril de 2011

Preconceito

Preconceito

Enquanto eu não tenho movimento,
Vocês não têm tolerância.
Enquanto eu não tenho métrica,
Vocês não têm poesia.

Enquanto me falta esperança,
Vocês já não têm um futuro.
Enquanto me falta agilidade,
Em vocês o que falta é vontade.

Enquanto vocês me têm pena,
Eu lhes tenho desprezo.
Enquanto eu componho versos,
Vocês vomitam lamentos.

Enquanto eu caminho trôpego,
Vocês estão (e sempre serão) estáticos.
Enquanto eu enxergo o mundo,
Vocês são todos cegos erráticos.

Enquanto eu estou vivo,
Vocês vegetam.
Se não corro, não salto, não me apresso,
É porque sei...
Amanhã, vocês lamberão os restos do meu caminho.       
   

sábado, 2 de abril de 2011

Meu por direito...

Então, reclamando de volta um "poeminha" de resposta que em certa vez dediquei a alguém... como gosto demais das palavras que nascem de mim, quis dar-lhe um destino mais nobre do que o esquecimento ao qual estava destinado, por isso, ei-lo aqui:  


Farol


Andas como aquela que desdenha do caminho;
Estendes a mão a tatear a neblina que tú mesma trouxestes à estrada...
Pois existe um farol... e tú sabes...

Abandona as vestes pesadas que usas...
E sente a luz destas palavras;
Pois no negrume desse mar em que navegas,
Há um verso que deseja te guiar...

"Nag9"