terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Escárnio com gosto de justiça

Já há muito a sociedade ocidental oferece suas veias para que o capital lhe intorpeça como droga. Valores éticos são postos em prateleiras, mostruários e vitrines, gangrenosamente precificados e reduzidos à artificialidade de uma propaganda de TV. As riquezas desta engrenagem desigual escorrem pelas mãos de quem trabalha para serem acomodadas, volumosas e prostituidas, nos bolsos de linho negro dos bancos e mercados globalizados de ações. E na base desta putrefata realidade, estão ecossistemas estuprados diariamente, agonizando sob slogans de grandes corporações.

Acalmece irmão Zeitgeist! Há sinais de um levante! Tão fervente, digno e forte quanto a indignação que cresce no espírito dos filhos da Aldeia Global!


A máscara que cobre o rosto não dilui o senso de justiça, que, aliás, revigora-se de anos de uma inanição calculada. Se em outros tempos a justiça costumava não ter olhos para o que não lhe interessava, seus arautos modernos não têm nome... mas têm fúria! E mentes conectadas ao desejo de uma nova ordem!

 
"Nag9"

domingo, 15 de janeiro de 2012

O que tirei das cordas...

Muito do que sei sobre a vida foram as cordas de uma guitarra que me ensinaram. Distorção é palavra que se escreve em minha alma e ajuda a contar meus segredos.

Quando Rauzito me disse que é de batalhas que se vive a vida... Não me entreguei, e tentei outra vez. E quando John Lennon me convidou a sonhar com ele, também imaginei um futuro melhor, onde todos viveremos como um.

Se em algum momento o evanescente me pareceu concreto, e levou meu coração, minha energia ou minhas lágrimas, reencontrei o valor do que realmente importa nas letras de Hetfield, que me ensinaram que não importa o quão longe ou perto você esteja, a verdadeira distância se mede com o coração. O resto... Nothing else Matters...

Se o mundo me cobra a perfeição que não posso oferecer, a minha resposta é: "Eu nunca disse que faria o que é direito, não se conserta o que já nasce com defeito... Não tem jeito, não há nada a se fazer. Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva, mesmo que eu pudesse conviver com a minha dor, nada sairia do lugar que já estava, não seria nada diferente do que sou." E eu agradeço ao Matanza por isso...

E quando me atrevo a pensar no que desejar dos dias que vier a ter, em frases simples as cordas me inspiram a dizer: eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida. E talvez uma casa no campo onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros... E nada mais".




sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Vida que vale a obra...

"O copihue vermelho é a flor do sangue, o copihue branco é a flor da neve... Num tremor de folhas, a velocidade de uma raposa atravessa o silêncio, mas o silêncio é a lei destas folhagens... Apenas o grito distante de um animal confuso... A interseção penetrante de um pássaro escondido... O universo vegetal apenas sussurra até que uma tempestade ponha em ação toda a música terrestre. Quem não conhece o bosque chileno não conhece este planeta. Daquelas terras, daquele barro, daquele silêncio, eu saí a andar, a cantar pelo mundo" - Confesso que vivi (Pablo Neruda)

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A vida é curta. Quebre as regras, perdoe rápido, beije lentamente, ame verdadeiramente, ria descontroladamente e nunca se arrependa de nada que o fizer sorrir. Não estamos quantificados; não existe um mapa do desejo. Quando as chamas crepitantes de seu coração tiverem queimado as brasas, talvez você descubra que se casou com sua melhor amiga. Palpites, conjeturas, instintos... seguir cegamente qualquer coisa pode matá-lo, e lembre-se sempre... cante como se ninguém pudesse ouvi-lo; viva como se o Paraíso fosse aqui na Terra. Queria dizer algo profundo e sem sentido, tipo: ‘Sê fiel a ti mesmo’, mas, na verdade, a primeira coisa que precisamos fazer é MATAR TODOS OS ADVOGADOS.” - O Barulho na Minha Cabeça Te Incomoda?: Uma Memória Feita de Rock n’ Roll. (Steven Tyler)

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E eu em meus passos cegos e letras tortas...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Clone/Clone

Jean Baudrillard certa vez falou ao meu ouvido: "O homem quer ser igual, e assim, vai destruir a si mesmo."
Por isso, fujo do padrão como forma de me manter vivo...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Freedom...


Blackbird (The Beatles Cover)

Blackbird singing in the dead of night,
Take these broken wings and learn to fly.
All your life,
You were only waiting for the moment to arise.
Blackbird singing in the dead of night,
Take these sunken eyes and learn to see.
All your life,
You were only waiting for the moment to be free.
Black bird fly, black bird fly
Into the light of the dark black night.
Black bird fly, black bird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly.
All your life
You were only waiting for this moment to arise
You were only waiting for this moment to arise
You were only waiting for this moment to arise

O manto do mendigo



Olhava a cidade passando pela janela do banco do carona, enquanto evitava pensar. Sentia aquele cansaço físico típico de um dia longo de trabalho, acrescido de um certo descaso moral, natural deste início de ciclo. Desviava os olhos das arapucas publicitárias que competiam entre si pela minha atenção, simplesmente porque sei que funcionam e, naquele dia, pretendia manter minha autoestima a salvo.

Foi neste ponto que a rua gritou pra mim, e entre o ruido desarmônico do cotidiano, que sempre me soou mais como uma súplica da pólis que adoece sob um exoesqueleto perfumoso e verde de cidade-sorriso, pude testemunhar o caminhar do mais forte.

Era tudo, menos comum. Seus passos sobrepunham-se ao caminho com superioridade, o cabelo desgrenhado lhe caia como uma coroa. E enquanto seguia dominando cada centímetro do trajeto, sobre seus ombros dormia o manto que é próprio dos grandes homens. Já não lhe importavam os sapatos rotos, pois são marcas dos que sobrevivem; as roupas batidas apenas lhe aumentavam a altivez. E os buracos no manto eram lições de humildade que o rei (ignorado) da pólis dava a meus olhos de burguês.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Aquele velho adeus, e uma rolha na testa!

Este NÃO é um texto de felicitações pelo ano que se inicia. Este também NÃO é um texto de análises retrospectivas. Na verdade, esse texto vai ser o que ele decidir ser na medida em que for ganhando forma durante a própria escrita.

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São as mesmas sete ondas, são os mesmos nove (ou doze) bagos de uva... E as mesmas promessas e superstições tolas, vazias e clichês no momento em que o relógio decreta a morte por insuficiência respiratória do ano que deixamos para trás.

Você escolhe a cor da roupa para a virada. Quer dinheiro mas reclama de ter de trabalhar. Deseja amor mas apoia sua visão do outro em noções rancorosas e injustificáveis de que todos os homens ou mulheres são iguais, indignos do último ser virtuoso do planeta, representado pela sua pessoa. Faz pedidos para Iemanjá e para todos os santos e entidades que julga capazes de transformar sua realidade, enquanto senta a bunda no sofá e espera seus sonhos se cristalizarem. Você deseja um país sustentável e sem corrupção mas elege quem rouba seu dinheiro e destrói suas florestas. Imagina como quer que as coisas sejam no futuro sem caminhar no presente em direção a elas...

Mais do que perda de tempo, promeças vazias são um retrato da insipiência de nossos dias... Em que nos colocamos todos a um passo da insanidade... Reproduzindo os mesmos comportamentos e esperando resultados diferentes.