segunda-feira, 25 de junho de 2012

Música e engajamento social

Projeto de incentivo à cultura local criado pela banda curitibana Haullys traz Champignon, baixista do Charlie Brown Jr., para um show hoje à noite no Empório São Francisco

Enrico Boschi (21/06/2012)





A música sempre demonstrou uma íntima relação com a transformação da realidade social. E quando se observam resultados extremamente positivos, como os do projeto desenvolvido pelo maestro João Carlos Martins, por exemplo, que leva a música erudita a crianças e jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro, oferecendo aos integrantes novas perspectivas de vida, não há como não reconhecer o quão frutífera é essa relação.

Foi também pensando em colaborar para o crescimento das comunidades do seu entrono que a banda curitibana Haullys, na ativa desde 2009, idealizou uma série de projetos interligados, cujos eixos principais são: projetar a cena artística curitibana – e paranaense – em nível nacional, promover a importância da convergência e o intercâmbio de diversas formas de manifestação artística e levar eventos artísticos a localidades que normalmente não têm acesso a eles, oferecendo canais de divulgação para a cultura local.

Segundo o vocalista Sandro Godinho, é extremamente importante trazer visibilidade à cena paranaense, visto que o estado é também um local de produção cultural de muita qualidade: “A gente [Haullys] acompanha tudo o que acontece na cena local e a nossa preocupação é muito mais do que fazer música, é levar qualidade cultural para as pessoas que não têm acesso, é trazer grandes artistas pra conhecer o que é nosso, pois sabemos que é possível transformar o Paraná em um estado de referência cultural, a exemplo de Rio de Janeiro, São Paulo entre outros”, explica.

É com esse intuito que o projeto Haullys Convida já trouxe a Curitiba artistas como o vocalista Tico Santa Cruz (Detonautas Rock Clube), o baixista Canisso (Raimundos) e, na noite de hoje, recebe Champignon, baixista da banda Charlie Brown Jr. (confira no quadro ao lado a lista completa dos artistas que já participaram do projeto), para uma jam session que acontece no bar Empório São Francisco – nesta edição, serão apresentadas 15 canções, a maioria do repertório do Charlie Brown Jr. e algumas escolhidas de acordo com influências em comum entre o músico e a banda curitibana.

Convergência

Além dos shows, o projeto conta ainda com o quadro Haullys Entrevista, um bate-papo em que o artista convidado tem a oportunidade de expor sua opinião a respeito do projeto e do cenário cultural, que é filmado e exibido na página da banda no Facebook.
Está ainda em fase de produção a mais audaciosa das etapas do projeto, o Haullys Documentário, registro cinematográfico de uma série de apresentações gratuitas feitas em locais públicos de áreas afastadas, em parceria com atletas amadores de skate local e grafiteiros também da região. Aprovado pela Lei Rouanet, o projeto já conta com o apoio de uma empresa de turismo e um grupo de restaurantes.

Matéria originalmente publicada no Caderno G da Gazeta do Povo. Link: http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?tl=1&id=1267274&tit=Musica-e-engajamento-social

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Um Fim de Semana na Rio + 20

Texto originalmente publicado no portal Gaz+ da Gazeta do povo

Um fim de semana na Rio + 20

Enrico Boschi

O mundo volta os olhos para a conferência da ONU para o desenvolvimento sustentável que ocorre no Brasil entre os dias 14 e 22 de junho. Em celebração aos vinte anos da Eco 92, a Rio +20 é composta por diversos eventos paralelos e simultâneos correlacionados que formam a densa agenda de debates, reflexões e propostas para a sustentabilidade. Por intermédio da SPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem, nós, do grupo de debate e conscientização ambiental paranaense Ecoberrantes, tivemos a oportunidade de participar de alguns dos eventos, ocorridos entre os dias 16 e 17 de junho.

Cúpula dos povos
De todas as iniciativas que integram a conferência da ONU para o desenvolvimento sustentável, a Cúpula dos Povos é com certeza a que melhor aproxima a atmosfera de pluralidade que paira sobre o evento como um todo do cidadão. Caminhando por entre as centenas de tendas armadas no Aterro do Flamengo, interagem representantes de organizações ligadas à proteção e preservação ambiental, porta-vozes de organizações políticas ou da sociedade civil, disseminadores de iniciativas culturais, empresários interessados em soluções ambientalmente responsáveis para suas empresas, representantes de povos indígenas diversos, turistas de todas as partes do globo ou apenas aqueles que desejavam um passeio tendo a Baía de Guanabara como pano de fundo.

Em cada espaço da Cúpula, ocorrem debates autogestionados sobre temas sociais, políticos e ambientais inter-relacionados, de modo a contemplar os três pilares sobre os quais o evento foi concebido: denunciar as causas da crise socioambiental, apresentarmos soluções práticas e fortalecer movimentos sociais do Brasil e do mundo.

Foi o que se pode observar efetivamente, no último sábado (16), no estande onde se concentraram diversas organizações e personalidades atuantes na questão da resistência contra as mudanças do Código Florestal Brasileiro.

Alguns pontos foram unanimidade nos discursos, como o valor efetivo da preservação das florestas e dos instrumentos legais disponíveis para o freio do desmatamento, além da cobrança de posicionamentos firmes dos Chefes de Estado em prol da conservação ambiental, uma vez que participarão da Rio +20 para elaborar e votar propostas que culminarão no novo documento de compromisso das nações signatárias com os indicadores do que está sendo chamado de “economia verde” e com as Metas do Milênio.

Dialogue Days
Paralelamente à Cúpula dos Povos, os Dialogue Days fazem parte da agenda principal da Rio +20. Constituem-se em painéis temáticos com a participação de representantes da sociedade civil que após um debate elaboram propostas a serem enviadas aos chefes de Estado, como contribuição da parcela da sociedade que representam para o documento final da conferência.
Nossa delegação teve a oportunidade de participar do diálogo ocorrido no dia 17 de junho, que tinha como foco a preservação das florestas. Entre os panelistas estavam figuras como o CEO da Natura Cosméticos Guilherme Leal; a Doutora Yolanda Kakabadse, diretora da World Wide Fund for Nature (WWF); o Dr. Klaus Toepfer, fundador e diretor executivo do Institute for Advanced Sustainability Studies (IASS); além de diretor executivo de Meio Ambiente das Nações Unidas (1998-2006), entre outros.

De todas as falas, a que talvez tenha sido mais incisiva para o governo brasileiro foi a do alemão Toepfer, quando disse que os instrumentos de proteção consolidados em conferências e iniciativas anteriores – como a Eco 92 – não deveriam ser modificados, sob possibilidade de se retroceder em questões já anteriormente debatidas, o que levou à questionamentos sobre o Código Florestal Brasileiro.

Após essas e outras ponderações, os panelistas elaboraram dez propostas de artigos a serem enviados aos chefes de Estado para compor o documento final da Rio +20, e, em seguida, iniciou-se uma votação entre todos os presentes (mesa e expectadores) para definir os pontos de maior relevância.
O primeiro tópico foi aprovado por unanimidade entre os componentes da mesa e o terceiro teve 54% de aprovação. Após a votação, a mesa decidiu abrir o debate para que os expectadores pudessem lançar sugestões ou questionamentos, em uma clara manifestação do espírito de colaboração que norteia toda a Rio +20.

A questão da criação de um tribunal internacional para julgar crimes ambientais foi levantada – e amplamente endossada pelos componentes da mesa – pelo parlamentar brasileiro Cristóvão Buarque (PDT-DF), ideia que os panelistas consideraram estar inclusa nos tópicos anteriormente levantados. A demarcação total das terras indígenas no Brasil, bem como a participação das lideranças desses povos no processo de decisão da conferência também teve sua voz, sendo uma das colocações mais aplaudidas.

Além do documento gerado neste debate, outros mais serão elaborados e enviados às lideranças nacionais presentes no evento de elaboração do registro final da conferência, o que demonstra um esforço bastante assertivo de representar também a sociedade civil dentro deste processo.

link original

http://www.gazetadopovo.com.br/gaz/mix/um-fim-de-semana-na-rio-20/


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Epiderme


Ilustração: Glauco Laufer 


Há um falso luzir por sobre a epiderme da vida urbana
A carne dos arranha-céus ostenta espelhada armadura
Para ocultar a real fragilidade da soberba humana.





domingo, 10 de junho de 2012

Cala enquanto observa o céu chorar
Pois o som da chuva é um convite ao devaneio...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Passageiro de Vênus




Enquanto Vênus caminhava frívola diante dos olhos do astrônomo, este, estenuado das leis que o fazem irremediavelmente humano e limitado, desejou, nem que por um instante, a lei da gravidade lhe concedesse um habeas corpus, só para poder declarar-se a ela:

"- Deixa-me, bela Vênus, senti-la com as pontas dos dedos. Deixa o corpo voar como voa a mente, para que eu possa beijar-te a testa e conhecer o infinito como seu passageiro."