quinta-feira, 27 de junho de 2013

Os olhos da Baptista


  
Foto: Alexandre Mazzo
Fonte: Portal Imprensa

(Em memória de Teresa Urban)

Refletia o mundo no azul dos olhos
E eram canção, eram sorriso, e eram luta,
e eram inquietude, e eram pensamento

De clareza tal, além do existir...
Capaz de transpassar, heroica, o mais
espesso e plúmbico capítulo da história

E escrever-se - incólume - na alma da gente.

Nasceram destes olhos tuas crianças
E também deles aprenderam a Berrar
Para não consentir...

E, quando partem,
Novamente nos ensinam...

A ter coragem, a seguir a
luz que fez brilhar nas florestas
do teu legado.

Viva Baptista! Sempre!
Pois em nossos olhos arde
a mesma esperança...

A mesma chama que nos ergue
e nos impede de calar.

Pois como aprendemos contigo:

"Quem cala consente, por isso Berramos"



  

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sobre as manifestações...




O povo brasileiro se levantou. Na dura realidade da exploração diária orquestrada pelo Estado finalmente se reconheceram como iguais e, em diversos atos de coragem, coletividade e ânsia de se fazer ouvir, deram voz a um descontentamento amorfo (e nem por isso menos concreto) de múltiplas origens, que ecoa nas ruas e reverbera nos ideais adormecidos (ou em formação) de uma geração que passa a entender a responsabilidade que possuem.

Quando mil, dez mil, cem mil tomam as ruas para esbravejar aos ouvidos do poder público que O Brasil Acordou, mostram a ele e ao mundo que a passividade com que costumavam lidar com a realidade política e social do país começa a dar lugar a uma efervescência crescente do desejo de libertação de um Brasil de potencialidades convenientemente incubadas pela corrupção, pelo descaso, ineficiência das estruturas de governo e manipulação midiática da informação.

Se a faísca responsável pela explosão dos protestos foi a repressão violenta de um protesto legítimo pelo aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, outros tumores corroem há tempos a fé do brasileiro na administração pública, de forma lenta e silenciosa. Os impostos mais elevados do planeta ainda assim não são convertidos em escolas, hospitais, serviços públicos de qualidade, antes, transmutam-se em verba capaz de comprar apoio político, propina para atravancar engrenagens jurídicas ou ainda produto de obras  superfaturadas - inclusive as da Copa - para enriquecimento alheio.

Tais desvios - de dinheiro e de caráter - reiterados acabam sempre por cair sobre os ombros dos que trabalham, e a indignação oriunda desta realidade é o que vai compor o tal do descontentamento amorfo que naturalmente impele o povo a buscar mudanças, como estamos vendo atualmente nas ruas de todo o Brasil.

É lógico que em um universo tão vasto e heterogêneo de indivíduos coexistem diversas leituras a respeito da postura que as manifestações devem assumir. Há os que tentam vincular suas ideologias partidárias a este que é por essência um movimento livre deste tipo de orientação, há os que cobram lideranças deste que é o primeiro levante de tal magnitude organizado sob a horizontalidade, difusão e abrangência do universo virtual. E há ainda os que justificam os pequenos focos de vandalismo observados como uma resposta "na mesma moeda" ao vandalismo cotidiano que o Estado perpetra contra o cidadão, sem entender que se um dos cernes da questão é justamente a desoneração de tributos abusivos (como os que incidem sobre a passagem de ônibus e a encarece) praticados pelo governo, a recuperação da coisa pública depredada vai agir contra esse objetivo, uma vez que acarreta novos custos.

Todos estes pontos porém não diminuem o fato de que as movimentações atuais representam um marco histórico para a participação popular na política brasileira, pois mostram que democracia pode e deve ser muito mais do que comparecer às eleições nas datas programadas, que a cultura da manifestação pela mudança deve sim se transformar em uma ferramenta poderosa de alcance do bem-comum nas mais diversas esferas de atuação social. À frente manifestantes! Tomem nas mãos o dever de tornar a revolução cotidiana e transformar de forma indelével os rumos deste país     

domingo, 16 de junho de 2013

SMN: Friends - Dublagem Curitiba - Encerramento



Salve Neurônicos!

Antes de vocês esbravejarem por causa da quebra na sequência dos posts, nós do Sistema Muito Nervoso temos um recadinho para os mais indignados: That's life, my dears! O nome disso é quebra de expectativas, e o post de hoje tem tudo a ver com isso.

Quem acompanha essa série desde o início sabe que, em quase todos os posts, a gente fez algum tipo de referência ao Toy Story 3 que, segundo o cronograma original, seria o filme que marcaria "a formatura" do primeiro módulo do nosso curso de dublagem. Pois bem, o mundo gira, as coisas mudam e, muitas vezes - como nessa, por exemplo - mudam pra melhor!

Já no primeiro dia de curso as palavras "essa turma é muito rápida" expressavam o contentamento da nossa sagaz professora Mônica Placha com relação ao desempenho dos novatos que, deslumbrados com um mundo de descobertas a nossa frente, sorvíamos cada detalhe, cada ensinamento. Sem demagogia, o empenho foi geral... E os frutos vieram com a mesma velocidade.

Ao invés de seguirmos dublando uma animação - como estava previsto - em uma atitude arrojada, a professora decide fechar o curso com um seriado de humor (não qualquer seriado de humor mas "O" seriado de humor), que, em circunstancias normais, costuma aparecer lá pelo módulo 3...  O já experimentado (e muito desafiador) Friends.

Então, todos munidos da milenar arte do Unagi, entramos no aquário com o desafio de captar o timing de comédia perfeito de Chandler Bing; a fala insanamente acelerada de Monica Geller; as entonações inconfundíveis de Ross Geller; o Smelly Cat de Phoebe Buffay, o non-sense de Joey Tribiani... E toda a imensa "sem gracisse" da Rachel (sei-lá-o-que).

Como aluninhos aplicados que fomos, fizemos marcações no texto acentuando pausas, acelerações, reações, adaptando os diálogos. Durante a cena procuramos sincronizar nossas falas com as batidas labiais dos personagens ao mesmo tempo em que observávamos o Time Code em busca do momento certo de fazer a entrada e o encaixe das frases. Também nos preocupamos com a intenção dos diálogos, sempre de olho na melhor interpretação dos mesmos para fazer jus às excelentes piadas dos seis amigos.

Teria sido ótimo dublar Toy Story (sim) mas quando dissemos que esta mudança na escolha do filme foi pra melhor é porque tivemos fortes razões pra isso. Friends reflete muito do clima de amizade que se criou também dentro do estúdio. Durante uma semana, o Sistema Muito Nervoso conviveu com pessoas incríveis, totalmente abertas ao novo, ao desafio, e que enfrentaram os erros com as melhores vibrações possíveis, sempre com aquele sorriso no rosto que só quem ama o que está fazendo sabe como é.

Aprendemos muito com a superação de cada um. Com a doçura das lindas Ariane Wisnieviski, Lê Beck, Cláudia Gobor, Cristina Fergutz, Cristiana Monteiro, Cristina Polakoski e Ketrim (trim) Mascarello. Nos divertimos com as vozes caricatas do Fernando Jr. Nos inspiramos na juventude de Jonathan Duarte e no vigor de Paulo Henrique Amaral. Somente a palavra fantástica define essa turma!

Apesar de o Sistema Muito Nervoso não poder acompanhar a galera no próximo módulo, lembramos de um trecho da música de abertura do Friends que diz "I'll be there for you"  porque a gente sabe que amizade é pra sempre! Valeu e até o próximo post


sexta-feira, 14 de junho de 2013

SMN: Enrolados + Bônus - Dublagem Curitiba - Dia IV


Salve Neurônicos!

Jogue suas tranças de mel! Rá... punzel! Rá... punzel! Oi? Já começou? Ah, foi mal, é que o nosso Sistema Muito Nervoso tá empolgado por ter dublado a primeira animação durante o quarto dia de curso. Bom, bora lá então?

Mais um primor da Disney Pictures, Enrolados, uma co-direção de Byron Howard e Nathan Greno, trás uma releitura da clássica história Rapunzel, escrita originalmente pelos célebres Irmãos Grimm. Na história, Rapunzel está sim presa no alto de uma torre mas, apesar de toda sua doçura característica de princesa, é descolada e nada indefesa. Já seu "príncipe", Flynn Rider, não é assim tão cheio de virtudes, rearranjo de personalidades que torna a história muito mais divertida.

Dublar uma animação trás todo um clima novo para o estúdio, é quase como se você finalmente conhecesse uma espécie de essência da dublagem, uma vez que, para esses personagens, esse processo marca a diferença entre personificar-se ou não de fato. A voz de uma animação é 50% (ou mais) de sua natureza.

Antes de entrarmos no aquário, no entanto, coube conhecer uma série de práticas para aprimorar a dicção, respiração, alongamento e. consequentemente, a interpretação. Através de exercícios calistênicos - rápido, corre pro google! - alongamos nervos e músculos do aparelho fonador para auxiliar a passagem do som. Também amafagafamos alguns mafagafos pra descobrir qual a melhor maneira de mafagafar em cena, além de descobrir que a maçã é a melhor amiga do dublador.

Na prática percebemos uma ocorrência maior de reações (lembra desse termo?) para esse gênero de filme, o que faz com que o dublador tenha que ficar ligado. Com relação à expressividade, animações bem produzidas como essa parecem auxiliar quem dubla, uma vez que as expressões faciais costumam ser bem acentuadas, é mais fácil identificar as intenções da fala. Enrolados (Tangled, na versão original) é um filme cheio de personagens muito engraçados e curiosos, o que permite uma grande variação de vozes e torna a dublagem muito, muito divertida.


... o que nos deixa um passo mais próximo do tão esperado Toy Story 3!

Ps: Luciano Huck, me explica quem é que teve uma crise de loucura, loucura, loucura na hora de chamar o senhor pra dublar esse desenho? Sério...

Bônus

How u doin'?

Durante essa aula também tivemos uma espécie de preview do módulo III do curso, dublando trechos da série Friends nos moldes do que a prática profissional exigem. Ótimo pra elevar o nível de adrenalina, um por vez, cada um com suas marcas e estilo, dentro do aguário...

...

Hoje, a jornada ao infinito... e além chega ao seu ápice, amanhã, teremos o último post da série. Saudades? Não esquenta... é só lembrar que se precisar de qualquer coisa:

A gente vai estar sempre enrolado em você

Trailler


     
       

            

quinta-feira, 13 de junho de 2013

SMN: Idas e Vindas do Amor - Dublagem Curitiba - Dia III


Salve (apaixonados) Neurônicos!

Post com cheiro de rosas para o terceiro episódio do Diário de Dublagem. Pois bem, entre lânguidos suspiros arrancados por Taylor Lautner/Ashton Kutcher e declarações do tipo: "Cara, ela é muito gata", a respeito da Taylor Swift, seguimos com o aperfeiçoamento da nobre arte da dublagem.

Com o filme Idas e Vindas do Amor - do diretor Garry Marshall - vieram também novos desafios como a adaptação da linguagem coloquial americana (gírias, expressões idiomáticas, entonações "alternativas") para o nosso idioma mesmo antes de se começar a dublagem, no que se conhece por adaptação e construção de texto.

No aquário, com até quatro dubladores simultâneos por cena, os alunos eram encorajados a desenvolver suas próprias marcações de pausas, alongamentos, reações ou alteração do texto (mas não do sentido), de modo que pudessem adequar o sincronismo e a interpretação. Com orientação da professora, percebeu-se que compreender a cena e dominar o texto são passos-chave para a qualidade da dublagem.

O enredo do filme apresenta diversas situações inusitadas e configurações de relacionamento que vão desde a manifestação do primeiro amor entre dois personagens infantis, um casal de jovens celebridades que vivem o ideal americano da popularidade, um relacionamento à distancia, até alcançar casais que enxergam o amor de forma mais amadurecida. Toda essa diversidade exige do aprendiz de cúpido (não, não, de dublador) que coloque sua visão condicionada à do personagem, um grande desafio.

Talvez o High Light deste terceiro dia de módulo tenha sido mesmo, no entanto, algo que a primeira vista parece óbvio mas que é muito importante se ressaltar. Nas palavras de Mônica Placha "a dublagem é essencialmente áudio. É preciso que vocês sejam capazes de criar uma conexão com seu personagem, afim de que se tornem capazes de alcançar um nível de concentração tal que leve ao isolamento da sua respectiva fala em sua mente, para captar todas as nuances possíveis".

Todos inspirados? É esse o espírito. Da próxima vez que você criar aquele clima romântico para assistir Idas e Vindas do Amor com o seu ficante, peguete, amigo colorido, morzinho, morzão, ursinho, xuxu, namorido, amor da sua vida, whatever... Você certamente vai lembrar que por trás daquela declaração de amor (em idioma alternativo, claro) há um dublador que também suspirou...

Teaser



     


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quarta-feira, 12 de junho de 2013

SMN: A Jovem Rainha Vitória - Dublagem Curitiba - Dia II


Salve Neurônicos!

Sinapses fervilhando para o segundo episódio de nossa saga rumo à descoberta dos tesouros da dublagem? Prepare o seu título de nobreza porque o Sistema Muito Nervoso hoje está de sangue azul. 

Subimos alguns degraus desde que Alice entrou na toca do coelho, na primeira aula. Para garantir evoluções de sincronismo e já dar aquela pitadinha de interpretação mais rebuscada, o filme escolhido para o segundo dia foi A Jovem Rainha Vitória, dirigido por Jean-Marc Vallée e brilhantemente estrelado por Emily Blunt.

Produção de época, com diálogos extensos e o característico British Accent. Desafio o bastante pra você? Então some a isso uma interpretação contida dos personagens, sem muitas modulações de voz e batidas labiais quase que imperceptíveis... Pronto, that it was!

No segundo dia, experimentamos a interação com até três dubladores no aquário para uma mesma sequência. O que algumas vezes (propositalmente ou não) foi a causa de falas sobrepostas - e muitas risadas, claro.

Outro ponto que merece destaque é a postura da professora Monica Placha que, indo além do normalmente proposto, passava aos que não estavam em cena as noções básicas da mesa de edição e canais de áudio.

Bom, post mais sucinto que o anterior porque como foi dito entre os colegas: as melhores partes da aula foram impublicáveis. Pra finalizar, um pequeno pensamento em homenagem à grande atriz, dubladora - e doravante amiga - Cristina Fergutz: "Vão-se os anéis, ficam-se as gargalhadas".

Fotos

Funniest Moment

 Professional Skills 

 The Dubbing Is On The Table

Trailler




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terça-feira, 11 de junho de 2013

SMN: Alice No País das Maravilhas - Dublagem Curitiba - Dia I


Salve Neurônicos!

Como prometido, começa o diário do 1º modulo do curso de dublagem cinematográfica que o Sistema Muito Nervoso está participando, bora?

Primeiras impressões

O estúdio tem uma atmosfera muito agradável, de decoração rústica, tem um contraste bastante interessante entre utensílios vintage (e, por isso, bastante familiares) e toda a aparelhagem high tech que a função de dublador exige. Mas por que salientar este ponto? Eu estou lendo o blog errado? Não, querido neurônico precoce, é porque isso faz toda a diferença para o clima da experiência.

Segundo Monica Placha, professora da escola, a dublagem é um processo totalmente emocional que passa sobre a própria concepção do indivíduo. "Vocês sabem porque a denominação pessoa existe? Ela deriva do latim persona, que em seu significado original designa o som de cada um. Ou seja, os antigos acreditavam que o que define você é o som que você emite." Está justificada a criação desse clima pessoal e acolhedor tão próprio da escola.

... 5 coisas impossíveis antes do café

Feitas as devidas apresentações, começamos a compreender como a magia de se transformar as falas de um personagem do idioma original para o pretendido (no caso o nosso bom e velho brasileirês mesmo) funciona.

Dentro do aquário - parte do estúdio onde ficam microfones, headfones e o vídeo, tudo isso isolado acusticamente - passamos a incorporar em nosso vocabulário conceitos como:

Anéis - Cada segmento do texto adaptado. Na página, cada anel possui uma numeração, bem como coordenadas numéricas do tempo de início e fim, com a finalidade de auxiliar o dublador a se localizar no texto e adequar o ritmo da fala à velocidade exigida pela cena.

Time Code - É o cronômetro exibido simultaneamente na tela do editor e do dublador, que determina o início do trecho do filme e a sequência que está sendo trabalhada.

Reações - Todo som (interjeições, suspiros etc.) que sai da boca do personagem mas não está escrita no texto.

Batidas Labiais - A grosso modo, os movimentos labiais do personagem.

Sincronismo ou Sinc - Característica alcançada quando o dublador "encaixa" perfeitamente a própria voz dentro das batidas labiais do personagem


Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

Cada dupla de alunos foi designada para dublar três trechos distintos do filme Alice on the Wonderland - do diretor Tim Burton, em um nível de dificuldade crescente que ia de 1 a 12 anéis. Eram exigidas vozes caricatas e que harmonizassem com o personagem.

Ao representante do SMN couberam os papeis de Ilosovic Stain, Lowell e... O Chapeleiro Louco!!! Interpretado originalmente pelo fantástico ator Johnny Depp

Para um primeiro contato podemos dizer que a experiência é simplesmente incrível. Trabalha-se muito a velocidade de raciocínio (não é a toa que o nosso Sistema é Muito Nervoso), cria-se o hábito de ouvir atentamente a própria voz, contribui para a desinibição (não que alguém aqui precise né?) e. é extremamente divertido!

Mal podemos esperar pra dublar Toy Story ao final do Módulo!

Em breve, fotos!         

segunda-feira, 10 de junho de 2013

SMN: Toy Story 3 (Dublagem Curitiba)



Salve Neurônicos!

O Sistema Muito Nervoso foi convidado a participar do módulo inicial de um curso de dublagem cinematográfica na escola Dublagem Curitiba!

A partir de amanhã rola uma série de posts pra mostrar pra vocês como é esse processo de fazer o seu personagem favorito falar sua lingua, vai ser DEMAIS!

O filme escolhido é o Toy Story 3 (um dos nossos preferidos)

Bora se aquecendo?


Fica ligado nos próximos posts. Ao infinito... e além!  

...

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Quando o espelho mente

...

Eu realmente não queria (ter de) escrever estas palavras

...

Quando o espelho mente


Convexa, a lâmina do existir divide o espectro do que somos
Em confronto, a luz que define o foco da vida corrente
Agiganta cada ínfima dissonância dos caminhos.


Desenhastes as linhas do meu rosto, as mãos, o destino...
Confabularam, o espelho e tú, que uma parte tua se confirmaria
em mim, a cada feixe de luz que nele se desviasse.

E o que resta a mim? Negar.

Nego que se reflitam em mim teus preconceitos
Nego em mim a fluência polarizada do teu orgulho.


Embora a minha imagem esteja presa ao reverberar das circunstâncias
Faço do que sou muito mais do que pareço ser
E o espelho? Mente, miseravelmente...
Quando escreve meu futuro como cópia de você.


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Brisa da meia-noite

Dormia a sonata dos desvalidos
Um sorrir de penumbra se fez nosso guia
Lasciva, a valsa da noite se oferecia
Em ardentes lábios se desfazia.

Tão doce, o bailar se consumia
Na neblina, um "q" de letargia

Em lágrimas, a irmandade se convertia
Pois fez-se em trio a luz do dia...

Toda Bala (Nasce) Perdida

Partículas metálicas necrosam as veias da Justiça
Sob um céu plúmbico abrem-se feridas sociais

Manchetes caçam o olhar cego cotidiano
Enquanto a vida involui em estatística

domingo, 2 de junho de 2013

Versos de quem cala

I

Fiz de mim reminiscência...
A noite desdobra-se em cálida mesura
Novamente, é tempo de poesia

Me abandono...

Senta o silêncio ao meu lado
Do chapéu retira uma carta
A lança no ar, como a interpelar-me

Como a dizer que lê minh'alma

De fato sabe dela mais que sei eu
Pois cada palavra não dita
Cada gesto que morre em essência  

É fragmento que a ele alimenta

E eu, arquejando...
Pra não me deixar consumir
componho versos...

II


Digo do amor que trago em mim
Das matizes azuladas e rosáceas que me traduzem
E que novamente teimam em pintar o impossível.

Confio às letras e ao silêncio
A dor exangue do poeta infecundo
Que ao plantar seus versos
encontra sempre um coração fechado.

E na ausência da plenitude
Caminha com olhos errantes
Fitos nos gracejos do horizonte.

III

Mora no silêncio também a minha busca
Dos Elíseos Campos onde termina a vida
Onde os dignos podem as armaduras deitar

Calam as entranhas dos caminhos
Como muita vez desejei calar a pegada
Do passo escrito em solidão

Andei sozinho, e continuo...
Tendo como fruto e companhia
Apenas os versos de quem cala

Que o silêncio me empurra a escrever...