terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Como um vaso velho e quebrado...



Aquelas ranhuras? Conheço-as todas. E há muito tempo... escrevem-se, aprofundam-se, rasgam-se em minha alma desde muito...

Não é que não as tenha tentado consertar antes... Tentei sim, aliás, com afinco até. E das mais diferentes formas. Tentei inibí-las com uma postura altiva, um desdém calculado mesmo, para mostrar comando. Como se quizesse dizer: "A minha vontade se sobrepõe a vocês". Até perceber, quando a noite caía, que elas continuavam lá, e a cada vez que certos pensamentos invadiam minha mente, ganhavam em comprimento e espessura.

Tentei cobrí-las... disfarçar seus traços com um sorriso. Anestesiá-las, alterando a consciência...

Cada fenda é uma recusa, uma espectativa frustrada, um sonho desfeito... uma dor que nasce e macula a pureza inicial do meu existir.

Não há pessoa no mundo que não as assemelhe com as próprias, e que, dessa forma, não as entenda. O que muitas vezes mostra-se dificil de entender é o porquê de as carregar pela estrada, entender as razões que nos obrigam a suportá-las e seguir com elas.

A planta que nunca se dobrou ao vento quebra-se na primeira lufada de ar... o vaso que não apresenta ranhuras não está preparado para adornar a vida verdadeiramente. Somos mais fortes quando enfrentamos, resistimos e aprendemos.

Há de se reconhecer (e glorificar) o fato de que esse aprendizado é ainda mais rico quando ocorre com o auxílio de pessoas capazes de lhe compreender e lhe oferecer o apoio necessário para encontrar a maneira certa de olhar para nós mesmos. E enquanto a pureza daqueles olhos azuis me mostrava a imagem de Deus refletida neles, eu desci como um vaso velho e quebrado... E me reergui como um vaso novo...  


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Superego e suas babaquices...

Ligue a televisão. Folheie uma revista. Vá a um show de um artista que lhe agrade. E sinta-se vitorioso se depois disso tudo você ainda for capaz de, simplesmente, ser você mesmo.

Há um mundo de coisas lá fora gritando em nossos ouvidos o quanto somos inaptos e desajustados todos os dias. É tanto discurso reforçando uma porção de pseudo-verdades (e pseudo-valores) que você acredita que a cada segundo tem de reaprender a viver para não ter de ser empoleirado na estante da obsolescência social...

E você comprando, copiando, fingindo, formatando, se vendendo, mutilando suas virtudes originais, iludindo, oprimindo... Nasce aí uma supramente padronizada e coletiva que transforma os homens em meros reflexos redundantes de si mesmos... pois é esse o protocolo. Aceite, e viva (se puder).    

Na fímbria da vida virtual em que fingimos viver, existir não é mais do que administrar simulacros de características residuais 

 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Despojo


Foto: Blog do Mesquita

Batem do corpo a poeira, a fadiga e o sangue,
Mas há na lembrança marcas escritas com fogo
Parasitando-lhes o que sobrou de existência.

O Sol em zênite lhes triplica o fardo.
Nas feridas da carne ardem as súplicas
Enquanto a honra distorcida ignora clemência.

Já não se entoam cânticos sobre este solo
Pois a terra esqueceu seu próprio nome,
E as vozes foram ceifadas com bombas.

Escondem a face mulheres e homens
Pois se fez estéril sua esperança
Diante da mão que sufoca o amanhã.

Dobram os joelhos os filhos de Alá
Resistem ao câncer que os oprime
Que a ganância soprou para o céu do Oriente.

A guerra que desfigurou o rosto do deserto
Agora desvia os olhos e tenta esqucer as marcas.

Quando transformam-se os discursos infecundos
E as fronteiras já não suportam as moléstias
O que sobra é um país transmutado em despojo.

E a águia já não sustenta em voo a própria soberba.






domingo, 11 de dezembro de 2011

Quando você chegar (à Giovana)

Haverá, creio eu, noite de ventos suaves,
E paternais serão as letras da madrugada.

Haverá ainda um caminhar de passos firmes
E o bálsamo simples do cotidiano...

Escolherei, sempre, de pronto o reencontro
E as palavras fluirão dos lábios como antes.

Verei em teus traços muito do que desenhei
E em tua voz reconhecerei meu aconcelhar.

Quando tiveres sono, dormirás ao som de Beatles
Que em voz vacilante (e morna) deitarei ao seu ouvido.

Se um dia tiveres medo, serei a mão e a espada
Farol luzidio, intenso e perene a te guiar.

Serei o riso e o abraço do júbilo
E os olhos fitos da retidão.

E descerão pela face lágrimas de orgulho
A cada mistério do mundo que você desvendar.

Pois será plena enfim minha vida, quando você chegar...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Filhos da terra




No céu um vazio seco...
E uma esperança que já nasce esqualida,
Escorrendo pelos sulcos torturados da face.
 
O presente é desespero, pó e fome
O futuro não é senão um sonho
É gota de chuva com gosto de lágrima. 

Nem a carne lhes abraça os ossos
Os pés já não sustentam o caminhar
Escrevem pálida a existência no horizonte.

São anjos os filhos da terra
São seiva que teima em vingar
Vida que brota dolorosa e incerta

Das entranhas esquecidas do Chifre da África...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Epifanias de banheiro (reload)



Suficientemente torturados pela curiosidade, queridos leitores? Retomo hoje (finalmente) o tema das epifanias iniciado no primeiro post da série. Liquidemos então essa fatura...

Aspecto importante dessas divagações de banheiro é que as ideias se conectam de forma irregular. Lembro de ter interrompido a nossa prosa na questão do vácuo como expressão (ou não) do nada. Retornando ao meu banheiro, tenho que dizer que, neste ponto, o meu sistema muito nervoso, fanfarrão que é, escorregou para o centro do vácuo e o fez novo foco da reflexão.

Com a mente no vácuo (hã?), ou melhor, com o vácuo em mente, pensava agora sobre as distancias no universo. Pensava que mesmo que o parâmetro para medir o espaçamento entre corpos celestes seja a "distancia que a luz é capaz de percorrer em um ano" (ano/luz), e que o referencial é sempre a distancia terrena, essa notação, essencialmente virtual, expressa algo que realmente existe. Pois isso sim pode ser calculado. E uma vez de posse de um telescópio, é necessário o conhecimento dessas dastancias e deslocamentos e orbitas, para que seja possível apontar as lentes para o ângulo correto e visualizar os entes celestes.

Agora, se os entes celestes orbitam em trajetos recorrentes, e o vácuo é o que comporta as distancias siderais, o vácuo existe de fato e, definitivamente, não é a expressão do nada. Mas nasce então outra pergunta: Se o vácuo existe e é nele que estão contidos todos os corpos celestes que compõem o universo, o vácuo não deveria existir mesmo antes do Big Bang?

Milésimos de segundos depois das sinapses nervosas percorrerem a minha rede particular de conexões, um feixe de luzes cresceu em meu intelecto e refletiu-se multidirecionalmente sobre as superfícies espelhadas que recobrem as paredes do meu banheiro. E, se nesse momento a minha vida pudesse contar com um narrador lírico, ele diria em tons agudos e oscilantes de voz: "eis aí uma legítima epifania!".

Óbvio, se em dado momento da história do universo toda a matéria estave concentrada em um "átomo original" extremamente denso, esse átomo constituiu o primeiro corpo celeste que existiu. Concluiu-se antes que todos os corpos celestes estão situados no vácuo. Desse modo, é necessário que o vácuo já desempenha-se essa função para suportar o átomo original. Provamos anteriormente que o vácuo de fato existe. Logo, o vácuo já existia antes mesmo de se existir TODA a matéria do universo. Então, é possível dizer que o vácuo (que algumas pessoas acreditam ser o nada), um dia já foi tudo! 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Migalhas

Um fato intrigante sobre as estrelas que vemos no céu é que elas (na maioria das vezes) já não estão de fato lá. E seu brilho é... Um vício de nossos olhos acostumados com a luminescencia que outrora os encantou. Sabe-se que nascem anãs. Brancas, lindas, puras, luzidias imaculadas pelo breu que as envolve e as tenta escurecer... Com o passar do tempo, porém, perdem o vigor inicial e, para convencerem a si mesmas de que ainda possuem certa majestade, agregam matéria em torno de si e multiplicam seu tamanho em um comportamento compensatório desesperado. Mais adiante, enraivessem-se com a iminência do fim, tornam-se rancorosas e vermelhas, explodindo como um pedido último de atenção.

Ao universo cabe apenas recolher suas migalhas...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Se quizeres, volta!

Tenho esquecido-me da poesia. Tenho negligenciado a minha arte primeira... Ou quem sabe não tenha sido ela quem me abandonou? A prosa tem reinvindicado um espaço que antes não lhe cabia em minha escrita, é verdade, mas nem por isso posso dizer que a sutileza do poema, a métrica, a sonoridade, a ourivezaria da palavra não encante mais meu coração. Ela é quem não me chama...

Lembro de uma explosão crescente (e sublime) de significados e metáforas e figuras e sons inundando o pensamento e implorando o branco do papel para se agarrarem. Lembro-me da luminescência que experimentava ao cadenciar os versos, construir tercetos... emolduras as rimas dos quartetos... sonetear.

Embora não tenha mais sentido essa pulsão criacionista, mantenho a mente aberta a essa arte (a minha arte verdadeira). Desculpe-me a prosa, mas não a considero tão genuína, tão valorosa... Nasci para fazer nascer estrofes, não parágrafos, e nunca será diferente. Por isso, peço que se a inspiração poética anda de mágoas comigo, que venha bater a minha janela esta noite, para que eu possa beijar-lhe a testa, e voar pelo nunca e pelo sempre, como costumavamos fazer...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Eco, Eco... eco... ec... e...

Ainda existe o verde no recorte de mundo que a minha janela oferece. E, a meu ver, é assim mesmo que deveria ser para todas as pessoas, mesmo que elas não se deem conta do quanto isso é importante. É por isso que, há mais ou menos um ano, munido de esperanças, valores e ar nos pulmões, passei a reforçar o vigoroso "berro" de uma galera que, assim como eu, ama o verde das suas e de todas as janelas do planeta.

Há uma série de fatores que justificam a fundação do grupo Ecoberrantes: a necessidade urgente de defender o patrimônio natural brasileiro, ameaçado por sucessivas investidas visando a alteração do Código Florestal Brasileiro (documento legal e de caráter normativo - que orienta e limita a utilização de recursos naturais, a ocupação humana de áreas urbanas e rurais e estabelece punições para o descumprimento de seus artigos) por parte dos ruralistas para atender a designios de grandes latifundiarios ávidos por maximizar seus lucros, não importando a que custo; a indignação com o descaso com que essa questão tem sido tratada pelos parlamentares que, teoricamente, deveiam refletir em seus atos a vontade de nosso povo; o desejo de mostrar que a juventude ainda tem a força transformadora tão característica de outros tempos da história política de nosso país...

Seja qual for o motivo que inflame corações e mentes de cada um que empunha nossa bandeira, fato é que cada vez mais a razão da luta se entrelaça com a razão da vida, e já se torna dificil olhar o reflexo no espelho e não pensar: "esse aí que está diante de mim é um Ecoberrante".

É esse espírito de compromisso que nos leva as ruas... Que nos põe em contato com o mundo e com as pessoas, para oferecê-las uma visão alternativa àquela que recebem da mídia e dos governantes, que distorcem a realidade de modo a criar uma lógica torpe e falsamente social e coletiva, com o objetivo de nublar o entendimento do indivíduo comum.

O vídeo abaixo é apenas uma das mobilizações que o Ecoberrantes, juntamente com o S.O.S Florestas Paraná, tem promovido em Curitiba, e, se você entende como legítimo esforços como os que vai assistir, acesse http://www.ecoberrantes.weebly.com/, e busque fazer sua parte

 

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Epifanias de banheiro

Epifania: Apreensão, geralmente inesperada, do significado de algo

Lembrei-me hoje de conversa tida com a colega de revisão mais linda com quem já trabalhei - ainda que desconsiderasse o fato de ela ser um "bendito fruto entre os homens", o adjetivo caberia perfeitamente -, em que falavamos sobre compreenções súbitas da verdade, ou seja, de epifanias. Embora mais comumente usada em contexto religioso, a minha intenção ao vincular esta palavra ao ambiente destinado à eliminação de "impurezas corporais" não deve ser vista, de maneira alguma, como um desrespeito às autoridades superiores que governam o universo. É simplesmente uma alusão ao local onde costumam ocorrer as minhas epifanias...

Para ilustrar essa realidade, divido com os leitores deste blog (parcos porém de extremo valor) pequeno "causo" de tempos universitários. Estavamos reunidos, meu colega de projeto e eu, ruminando há horas em busca do conceito ideal para a campanha publicitária da "Arte Sonora", empresa fictícia, atuante no ramo de lutheria (fabricação artesanal de instrumentos musicais de corda), que nos servia de objeto de estudo para o TCC. Pausa para o banheiro e, enquanto a natureza fazia seu trabalho, a iluminação súbita do intelécto característica de uma manifestação epifânica refletiu-se em todos os azulejos que compõem o messiânico local. Nascia então o conceito "Seu som, sua marca".

E esse é apenas um dos momentos similares cujas recordações moram em meu banheiro...

Desfazendo então esse "flashback" pseudo-hollywoodiano, transporto o leitor para o dia de ontem, quando inspirado pela conversa de revisor (e pelos muitos risos que a acompanharam), pensava eu, no banheiro, óbvio, sobre a existência ou não do "nada". Confesso que esse conceito sempre me intrigou, nunca busquei fontes filosóficas, científicas ou de qualquer outra natureza que pudessem conduzir meu raciocínio sobre essa questão, justamente porque tento chegar a uma resposta que me satisfaça por meus próprios méritos. E, sendo assim, mergulhei novamente em meus compêndios interiores para farejar pistas.

A grande questão é que o nada é imaterial, é uma abstração do ser humano (abstração matemática aliás, atrelada à concepção do algarismo zero, não me recordo agora sob autoria de quem). O nada não faz parte do nosso cotidiano, pois a linguistica se encarrega de, para cada coisa, dar um nome, mesmo que essa coisa seja apenas uma ideia (assim como ocorre com o próprio nada inclusive). Alguém pode argumentar: "mas o nada pode ser representado por uma equação..., então, ele existe!" E eu sou impelido a redarguir: mas toda equação é, em si, também uma abstração... então, de fato, ela não existe. Se Platão fosse convidado a opinar, puxaria minhas orelhas dizendo: "Quantas vezes já lhe falei? Se existe no pensamento... Existe".

Eu caio então em um empasse: Se o próprio nada é um conceito, tem sua definição, seu argumento... o nada "puro" não existe. Esse é o momento em que, lá do fundo da platéia, um cientista ergue o braço e esbraveja: o vácuo é o nada! Não, meu querido, o vácuo é o vácuo... A partir do momento em que você assumiu a sua condição de existência, lhe deu um nome, uma significação, já não pode mais ser designado como nada. "Mas o vácuo é a ausência total de matéria! - grita indignado o cientista. Então como você sabe que ele é o que é, senhor cientista? Eu mesmo posso lhe dizer, devido a um desdobramento da lógica que diz: quando não existe matéria, existe vácuo. Na sua própria premissa encontra-se incrustrada a contradição, percebe?

O leitor deve estar pensando: até agora tudo o que esse maldito beletrista e filósofo de porta de banheiro me trouxe foram dúvidas... e a epifania? Onde está?

Calma, ávido companheiro, deixe-me dar mais um passo adiante. Alias, não o darei. Resolvi agora, de maldade mesmo, transformar este post em uma pequena série dividida em duas partes, e a epifania ficará para o próximo escrito...

FATALITY NA SUA ESPECTATIVA!!!!




 Flawless Victory...          
     

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sintonia

Ela: "Vou-me embora pra Pasárgada"
Eu: "Lá sou amigo do Rei"
Ela e eu: "Lá tenho a mulher que eu quero
                 Na cama que escolherei"

Ah Manoel... momentos se constroem com poesia!

domingo, 4 de setembro de 2011

Only the real things...



I remember the first time I stopped on the way to thinking about that was right or not... Before a very long time, the true came to me and I finally understand... the real things are the only things that matters...

... and now, I think I have one.

    

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Aos meus Juízes...

Ergo a mão direita e prometo dizer a verdade, nada mais que a verdade...

Lembro de um tempo em que esses mesmos juízes que me condenam sem nem mesmo me darem a chance de defesa (ou mesmo de uma simples conversa), figuravam entre as pessoas mais importantes da minha vida. Lembro de muitas vezes termos sorrido juntos, comemorado juntos e sido até mesmo amigos.

Peço a Vossas Excelências que, antes de formar veredicto sobre meus atos, considerem a estima que lhes tenho e que sempre procurei demonstrar. Peço que constem nos autos de suas cortes unilaterais todas as vezes em que os procurei com o intuito de oferecer clareza, todas as vezes em que busquei o caminho certo e não obtive resposta.

Peço permissão para dizer que tenho consciência de que nem sempre fui perfeito, mas a realidade é que na vida não existe "manual de instrução" ou código de conduta capaz de evitar qualquer dúvida ou erro na caminhada. Digo que a situação que vivemos era tão nova para mim quanto era para vocês, e que, por maior que fosse minha boa intensão, pecava por tentar proteger a pessoa amada, na impossibilidade de viver sem o sentimento que nos unia.

Trago ao conhecimento dos jurados, o fato de ter transformado a minha vida nesses últimos anos (emprego, empresa, teatro, trabalho social) também com o objetivo de me tornar digno da admiração dos Senhores Magistrados. Procurei mostrar à família daquela a quem amava que a minha natureza é boa, que cultivo princípios humanos, que sou um homem de valor... pois acredito que a visão dos senhores pode também se transformar.

Tendo Deus como minha principal testemunha, digo que o meu sentimento sempre foi sincero, e ele constitui a minha principal prova de que para mim é impossível desejar o mal de qualquer pessoa, inclusive dos meus Juízes...

Peço então clemência a este tribunal. Que os olhos daqueles que lerem essa carta, entendam que eu desejo apenas a felicidade daquela a quem amava, pois se houver justiça nesse universo... ela se manifestará independente de qualquer vontade...

Sem mais, Meritíssimos  

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Reflexão...

Observar os mundos alheios... Era esse mesmo o conselho que recebi? Havia mais... A "estranheza" dos mundos alheios. Era isso, definitivamente. É curioso como algumas pessoas sempre nos fazem refletir, seja pelas suas estranhezas ou por suas delícias, ou mesmo pela delícia de suas estranhezas...

Fato é que a capacidade do individuo de observar "estranhezas nos mundos alheios" está intimamente ligada ao seu próprio conceito de estranheza, que agirá aí como uma espécie de mediador entre aquilo que o outro pensa ser estranho sobre si mesmo, e o que efetivamente parece  estranho aos olhos de quem observa.

Foi esse o pensamento que me cortou a mente num daqueles raros momentos em que um ser humano deita as armaduras, e se deixa enxergar como é, sem máscaras, sem truques, sem bobagem. E há tão poucos seres humanos o suficiente para isso... Conversavamos sobre sentimentos quando minha interlocutora (a própria autora do conselho sobre a observação) narrou-me um fato que a ela trouxe estranheza, e foi exatamente neste ponto que meu mediador pessoal entrou em ação.

Viu ela, com espanto certamente, lágrimas rolando na face do amado, de uma forma que ela não pensava ser possível. Eis aí a mãe da estranheza: "de uma forma que ela não pensava ser possível".

O nosso mundo cobra força do indivíduo... mas esquece-se de que é preciso força (e coragem) para ser sincero consigo mesmo, e ser capaz de demonstrar o que se sente...

O nosso mundo cobra também orgulho... o que afasta as pessoas, fazendo-as criar espinhos, carregar armaduras, esconder a dor por trás de uma face serena, trancar sentimentos verdadeiros em uma concha. Protegendo-se, antes de mais nada, de si mesmas. Ou melhor, do medo de olhar para si mesmas.      

Este que vos escreve já derramou, no passado, lágrimas por quem ama... e antes de ver o fato com estranheza, ou mesmo se sentir fraco, considera o gesto como uma prova extrema do que sente... pois como foi dito... é preciso força e coragem para ser verdadeiro no mundo em que vivemos. 

sábado, 23 de julho de 2011

Pio Vero... Veríssimo!

Tem, ser humano qualquer que seja, o direito de sugerir pinceladas outras que não as escolhidas pelo mestre à sua obra? Ordinário ou virtuoso menor pode sequer cogitar alternativa para melodia que nasce da alma de um gênio? Não. Foi com essa certeza ao pé do ouvido que tomei da caneta ontem, com a infrutífera incumbência de apontar "deslizes" na coluna assinada por Luís Fernando Veríssimo, que a Gazeta do Povo tem a honra de publicar.

Fiz-me sobre-humano somente para controlar um misto de euforia e insegurança. Recolhi as minhas pretensões pra bem junto do peito, respirei da forma mais humilde de que me lembro, e preparei os olhos e o espírito para somente uma coisa... Aprender.

A cada linha, o brilho do estilo, ainda que de forma despretenciosa, como quem conta uma história para um amigo. A situação ganhava cor, movimento, clima... e eu ali, como espectador primeiro de um deslumbre reflexivo sobre a motivação (e senso de responsabilidade) por tras do penalti...

Pousei minha caneta (envergonhada) de revisor sobre a mesa, e passei a admirar a composição do texto, a clareza na exposição das ideias, o encadeiamento perfeito do raciocínio... como me cabia, já que, mesmo tendo feito uma primeira leitura "técnica", não havia sequer um espaçamento a corrigir.

Revisar Veríssimo é como buscar fio solto no tecido da perfeição, e mesmo que o leitor atribua minhas palavras a mero arroubo de admirador, com a visão turva por esse sentimento, defendo-me convidando-o à leitura da última coluna do mestre, e desafiando-o a discordar do que digo...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lembranças de uma (quase) realidade - em prosa

Hoje reencontrei aquela fotografia. Ou quem sabe só tenha pensado nela... E a lembrança foi como um reencontro. Lembrei de tudo o que ela significava, naquele tempo em que os sorrisos posados nela ainda eram... frescos e verdadeiros. Ouvi de uma amiga mais cedo que o mundo é estranho. Não cheguei a perguntar em que canto residia a estranheza do mundo dela, mas no momento em que tinha aquela foto entre os dedos, (ou na lembrança, já disse que não estou bem certo), a estranheza do meu mundo estava em perceber como as situações mudam... Como aquela que era pra você o fio da espada com a qual você derrotava os dragões do seu caminho, não passa hoje nem de uma lâmina cega...

E aquelas palavras de adeus no verso?

"blá, blá, blá... eu vou embora... blá, blá, blá porque não posso continuar..."

Nem poético chega a ser. Francamente hein? E tudo aquilo que te parecia o fim do mundo, e um convite para um salto no abismo, não é nada mais do que uma lembrança (meio patética até) de uma quase realidade.

Obrigado Carolina, por tudo que a sua recusa me ensinou.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

... eu e os prelos, os prelos e eu

"Que maravilha o brilho da inteligência humana!" - tal foi o pensamento que (docemente) inundou meu mundo enquanto admirava o girar da rotativa por através daquele vidro.
Enquanto os fatos eram impressos em corpo 12 -  acredito ser - e ganhavam imagens pra preencher titânicos rolos de papel que amanhã estarão organizados em cadernos e manchetes, a acompanhar o dejejum dos que sorvem um pouco do mundo junto com o café antes de irem trabalhar, lembrava eu da primeira vez em que me fiz seriamente aquela pergunta: "Ei, o que eu quero ser quando crescer?" E a resposta estava lá, bem diante dos meus olhos...

Tocava o vidro com as pontas dos dedos como se pudesse tocar um sonho, observava a materialização do suor, sangue e lágrimas de meus agora "colegas de trabalho", com uma entorpecente realidade em mente: a partir de agora, aqui também estarão o meu sangue, o meu suor e as minhas lágrimas. E, de repente, como que para legitimar esta certeza, derramei algumas gotas furtivas do pranto mas cálido que já me ocorreu.

Pois naquele momento estavamos ali apenas eu e os prelos, os prelos e eu...  
  

terça-feira, 19 de abril de 2011

Preconceito

Preconceito

Enquanto eu não tenho movimento,
Vocês não têm tolerância.
Enquanto eu não tenho métrica,
Vocês não têm poesia.

Enquanto me falta esperança,
Vocês já não têm um futuro.
Enquanto me falta agilidade,
Em vocês o que falta é vontade.

Enquanto vocês me têm pena,
Eu lhes tenho desprezo.
Enquanto eu componho versos,
Vocês vomitam lamentos.

Enquanto eu caminho trôpego,
Vocês estão (e sempre serão) estáticos.
Enquanto eu enxergo o mundo,
Vocês são todos cegos erráticos.

Enquanto eu estou vivo,
Vocês vegetam.
Se não corro, não salto, não me apresso,
É porque sei...
Amanhã, vocês lamberão os restos do meu caminho.       
   

sábado, 2 de abril de 2011

Meu por direito...

Então, reclamando de volta um "poeminha" de resposta que em certa vez dediquei a alguém... como gosto demais das palavras que nascem de mim, quis dar-lhe um destino mais nobre do que o esquecimento ao qual estava destinado, por isso, ei-lo aqui:  


Farol


Andas como aquela que desdenha do caminho;
Estendes a mão a tatear a neblina que tú mesma trouxestes à estrada...
Pois existe um farol... e tú sabes...

Abandona as vestes pesadas que usas...
E sente a luz destas palavras;
Pois no negrume desse mar em que navegas,
Há um verso que deseja te guiar...

"Nag9"

terça-feira, 29 de março de 2011

Quando olhares para trás...

Quando olhares para trás...

Certifique-se de que é esse o momento...
De que já não há em ti vergonha,
Ou pré-julgamento.

Estejas vivo, limpo...
Estejas livre.

Quando te sentires pronto, olha.

Olha com orgulho as marcas na estrada,
Os amores vividos, as lágrimas derramadas,
Os rostos que disseram adeus...
E os que nunca disseram nada.

Se olhares, e fores sincero...

Verás imperfeições em teu caminho,
E o ódio de mãos dadas com a dor.

Mas virão também a ti, virtudes...

Virão suaves, vaporosas, luminescentes,
A clarear sua doce capacidade de ser

Humano

Humano como é o medo
Humana como é a dúvida,
Mas santa como é a tua inclinação para amar.

Quando olhares para trás, verás que cada passo tem sua história,
E que eterno (e pleno) é o dom de caminhar...  

quinta-feira, 17 de março de 2011

O Fogo da Minha Liberdade

 Saudações a Gaius e os outros fuckers da Djosepan

O Fogo da minha liberdade

A música injeta vida em um cérebro letárgico
Pulso em Blues e Rock n’ Roll.
Enlouquecem-se as cordas e eu ressuscito,
Transe, Fogo, Iluminação.

Delírio libidinoso incontrolável...
Existo porque sou livre e vibrante,
Toco a língua dos deuses,
E encontro um paraíso particular.

As notas gozam da minha loucura
E incendeiam versos descontrolados
Fluem como gosto do infinito que beija meus lábios.

Sou inconsistente e oscilante,
Sou incoerente e crepitante,
Sou inocente e desconcertante,
Sou evanescente e neutralizante.

Anjos bêbados seguram minha mão
Minhas asas são puras e coloridas
Os olhos se fecham e tudo flutua,
Pode-se ouvir nascer uma estrela.

Harmonia deliciosamente desarmônica
Os acordes ligam-se à minh’alma
E eu finalmente posso voar.

terça-feira, 15 de março de 2011

Solilóquio

Solilóquio

Lembro-me das gotas de chuva escrevendo-se na janela
E um vento zombeteiro a esgueirar meus pensamentos.
Nascem as letras por entre a noite. Úmidas, frias...


Solitárias.

São como as folhas suicidas de outono
Abandonando a vida em murmúrio de queda
Uma sonata de única nota, um delírio...

Delírio de solidão.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Hoje, meus olhos são verdes


Hoje, meus olhos são verdes
Liberto-te do receptáculo que a aprisiona,
Você, libidinosa, ondula suas carícias...
Em um vulcão de sensações.

Fada de frescor falso e evanescente,
Brinca com meus sentidos
E os oferece ao infinito.

O anjo experimenta uma nesga ácida de ciúmes,
Pois é em seus braços que me abandono...
Sussurrando tolices ao seu ouvido.

De súbito, meus dedos desejam conhecer sua face...
E sua pele mostra-se deliciosamente convidativa,
Atrai meu toque como a uma presa.

Consegues a primeira vitória...
Minhas mãos passeiam por ti,
E seu verde espalha-se pelos espaços.

Ouço uma música formar-se no ar.
Viajar por entre as sua respiração harmoniosa,
Cadenciando as respostas do meu corpo.

Estendo-lhe a mão em um convite...
Você, ardilosa, o aceita,
Então dançamos.

Controlas a sedução como a um joguete,
Os movimentos, a música, os olhares...
Envolvendo-me em sua doce trapaça.

Aproxima-se lentamente agora,
Eu... sorvendo seu perfume
Desconcertantemente dúbio.

Não ouso defender-me...
Estou imerso em seus caprichos,
Olhos cerrados... o sublime; um beijo.

Mas tu não o entregas por inteiro...
Oferece-me desdenhosas partículas do teu infinito,
Que eu, desvairado, sugo até a última centelha.

Tomo a ti desesperadamente... e bebo.
Tua seiva se esconde em mim,
E procura desvendar meus segredos.

Deságua por entre as selas da minha lembrança,
Com as chaves tilintando em sua mão,
Oferecendo a liberdade como a um dom...

E de repente novamente danço...
Abraçado às projeções da minha mente,
Jubilando em um instante eterno de loucura.

O concreto enamora-se do sonho,
Trocam carícias mútuas,
Enquanto me perco em meu universo interior.

Suaves os movimentos...
Coloridas as percepções...
Pois hoje, somente hoje, meus olhos são verdes.
 

quarta-feira, 9 de março de 2011

Forma e Conteúdo



Forma e conteúdo

Sapos parnasianos morrem afogados,
Não acompanham o andar da correnteza.
Imobilizam as sílabas poéticas,
E morrem velhos no mesmo lugar.

Minha poesia é andarilha
Não se prende, deixa-se estar,
A admirar as cores do vento,
E a dança das ondas do mar.

Sonetos são prostitutas
Mutilam os corpos e sorrisos,
Em nome do hermético.

Poético. Profético. Caquético. 

Forma! Forma! Forma!

Conteúdo... 

   

sexta-feira, 4 de março de 2011

Cordeiro...


Foto: Leonardo Dobblin
Cordeiro

Olho o “seu” verde, do “seu” pasto
A vida... estanque. Sob o “seu”
Ponto-de-vista.

Existem escolhas....
As suas escolhas.
Eu, apenas existo.

Permito que cegues meus olhos
Rotineiro, complacente.

Conveniente... (a ti)

A paz que sopra nos montes,
É relativa.
O vento que corta o rosto,
É zombeteiro.

Carneiro.

Resignado
Amordaçado
Nulo
Obliterado.

A alma é colorida
Mas o pêlo é branco
O querer é desordenado
Mas o balido, condicionado.

Carneiro.

Sigo o teu cajado
Para a minha morte diária
Você tem os meios...
Eu, proletário.

Afagos para aliviar a dor da opressão
Comiseração...

Marca a soleira da tua porta
Com meu sangue imolado,
Busca tua redenção.

Sou instrumento de única função
Servidão.


quinta-feira, 3 de março de 2011

Meu Nirvana

Mais um texto de homenagem galera!!! Esse é para uma das bandas que eu considero geniais no Rock... não porque vendeu milhões ou porque já foi a maior banda de seu tempo, mas pela maneira como as letras expressam as explosões interiores do artista, além da articulação enigmática das palavras e a pureza rude do som...



Meu Nirvana


Desejo um lugar onde todos possuam o "Teen Spirit"
Não quero estar preso em uma heart-shaped box
Quero beber até o fim meu pennyroyal Tea
I want can see you every night free.

Quero realmente estar “so happy”
Não quero mais ver Polly chorar
Não quero ser um albino e um mosquito
Esquecer meu aneurysm e viajar...

Quero um mundo Endless, Nameless
Quero ver Courtney de topless
I wish I could eat your cancer,
And to cut myself on angel hair.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Sem título...


Meus versos são todos dores...
Sem brilho de lua, ou cheiro de flores,
Antes, têm gosto de lágrima.
Que d’um canto da alma morre no canto da boca.

Meu verso é um salto surdo na alma do nada...
Tropeço de rima no limiar da jornada,
É troça mal feita, desesperada...
É o lamurio de uma chama amordaçada.

Meu verso é a esperança suicida...
O asco escrito na face da vida,
É estrada sem rumo e nem partida.
É palavra doente, mordaz e corrompida.
  

Do Lado de Dentro Do Espelho

Saudações neurônios em fúria!!! Hoje o post é insanidade pura... o escrito que vocês vão ler a seguir tem uma particularidade, não é necessário ler as estrófes (nem os versos) na ordem em que aparecem (com excessão da última que deve encerrar o texto... Go crazy, FREAKS!!!!!!  

Do lado de dentro do espelho


Quero entender a ordem do caos,
Quero viver do lado de dentro do espelho,
Quero uma insanidade lógica,
Quero viver, e deixar de existir.

Fazer da loucura companhia constante.
Viver o inverso do correto,
Enxergar a anarquia dentro da lei,
Cultuar minha eterna confusão.

Quero ver Deus governar o inferno,
E Lúcifer perdoar meus pecados,
Anjos que cuspam no chão,
E demônios que falem de amor.

Quero nascer do meu próprio filho,
Rir quando deveria chorar,
Viver a vida para variar,
Me matar para renascer...

Odiar àqueles que amo,
E fazer sexo com meus inimigos,
Morrer de cirrose sem nunca ter ficado bêbado.

Quero chá de cogumelos
Abrir meus olhos para o que nos é escondido,
Ver gnomos e duendes
 Com um pote de ouro dentro das calças.

Comer meu vômito
E defecar poesia
Encolher ao invés de crescer.

Quero ver meu espírito
Beber cachaça com o Elvis,
Usar meu avião como submarino
Criar pêlos nas pontas dos dedos.

Escrever versos fora de nexo,
Roubar a calcinha da rainha da Inglaterra


Nunca mais chorar por nada
Ver o Flamengo vencer.

Quero ser preso
E desenhar nas paredes da prisão.
Comprar uma boneca inflável,
Talvez ela me ame.

Cantar musicas do John Lennon
De traz para frente
Quero matar o Kennedy,
E dançar a “noviça rebelde”

Quero assaltar um banco
E dormir pelado na varanda

Quero roubar o nada,
E comprar o tudo,
Quero subir escadas
Quero ser mudo.

Quero ter alegria
Quero ver histeria
Quero ser um vampiro
E dar à luz algum dia.

Quero dissecar as sílabas poéticas
Cantar o hino da França
Quero cozinhar o coelho da Alice
E ter um “desaniversario”.

Quero conhecer Kurt Cobain,
Com suas pupilas dilatadas,
Quero alcançar o Nirvana.
Quero gritar até Deus me ouvir.

Quero o funesto  
Quero protesto
Um ovo holigolécito
Um motivo para viver.

Quero derrubar o Fidel Castro
Quero deixar de ser casto
Fundar um partido político
E mentir como um palhaço.

Quero desentortar bananas
Quero modelos na minha cama
Quero invadir a Pasargada
E afundar o Titanic.

Quero ser um gigante
E ver a Terra do Nunca
Comprar um auto-falante
E lamber minha própria bunda.

Quero falar palavrões
Dentro da igreja
Estar onde ninguém esteja
Usar camisinha na ponta da orelha.

Quero ser deficiente físico
Quero tossir como um tísico
Quero botas de sete léguas
Quero da própria chuva fazer abrigo.

Quero ser o Papa
Quero comer uma traça
Quero torturar borboletas
Quero ser bebê de proveta.

Quero ser sonetista
Quero ser contrabandista
Quero poder voar
Enxergar sob o meu ponto-de-vista.

Quero plantar uma árvore
Quero ter uma filha
Quero transar com a Madonna
Quero tomar creolina.

Quero ser psicopata
Quero ter uma gravata
Quero estrelar um filme
Quero queimar meu dinheiro.

Quero ser um E.T
Quero explodir a T.V
Quero deixar de ver você
Lendo esta droga de poema.

Quero ter um vizinho
Não quero mais ser sozinho
Quero ver meu irmãozinho
Fazendo Deus curtir rock n’ roll.

Quero deixar de ser triste
Mesmo que ninguém ligue
Quero beijar na boca
Na verdade, só queria ser livre...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

One Plug... changes everything!

Galera, tem um site de variedade que eu comecei a acompanhar chamado minilua, e já algumas semanas tá rolando uma série de posts com rearranjos de musicas pop... e tem alguns bem legais... abaixo tem alguns que eu curti:




O próximo é uma versão do Eurythmics:




E finalmente: Metallica



É como eu disse no título...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Amostra Grátis



Amostra Grátis

Marcados com códigos-de-barra
Cérebros obsoletos de sucata;
Ignorância benéfica coletiva;
Advertising, advertising, advertising.

Dama hipnótica da subliminaridade;
Ovelhas de um pastor consumista;
Singularidade violentada,
Clones sem pontos-de-vista.

Capital, alma, LUCRO,
Lei natural do apocalipse,
Manipuladores de mente diplomados;
Ambições obscuras como um eclipse.

Veneradores da mentira,
Oz da realidade,
Sangue-sugas capitalistas,
Velhos, gordos, contrabandistas.

Aglomerado de maravilhosas inutilidades,
Individuo e massa fagocitados,
Doarei meu intelecto à essa engrenagem,
Pois é melhor manipular que ser manipulado. 
    

"Masters of all"

Seek 'n Destroy!!!!!


Masters of all (homenagem ao Metallica)

As cordas a um passo da loucura...
Olhos de magnética completude.
O sangue a convulsionar as veias.
A mente em um pulsante delírio.

Deuses a brandir palhetas frenéticas...
Delicioso instante de liberdade incandescente.
Absorvo o som que escraviza o ar.
E instiga o instinto a se levantar.

Golpes titânicos a orquestrar o caos...
A vida em uma freqüência sobre-humana.
A carne a rebelar os músculos.
Os fluidos a mapear a face.

O baixo a compassar o infinito...
Mesmeralizados corpo e espírito.
Impulsos insanos a ferver sinapses.
O coração a implorar cada dose de existência.   
Pra inaugurar as postagens, meu primeiro (e único) soneto até esse momento... espero que gostem...

Dor de Adeus
No prumo do flagelo, dor aguda
A consciência a fustigar o sangramento
Corre a culpa, serpente ágil e desnuda
Venenosa a culminar meu sofrimento.

Da boca, donde outrora amor se ouvia
Hoje, do sangue o gosto e um tormento,
Minha noite sufoca agora a luz do dia
E nas estrelas, dor profunda de um lamento.

Não há beijos, não há prosa, poesia...
Da vida o mais ferino dos gracejos
Teu perfume, adeus precoce em demasia...

Tu eras doce, tão gentil e tão correta
E tua morte dissipou o meu desejo
Do meu amor? Fez-se trova de poeta.