quinta-feira, 10 de março de 2011

Hoje, meus olhos são verdes


Hoje, meus olhos são verdes
Liberto-te do receptáculo que a aprisiona,
Você, libidinosa, ondula suas carícias...
Em um vulcão de sensações.

Fada de frescor falso e evanescente,
Brinca com meus sentidos
E os oferece ao infinito.

O anjo experimenta uma nesga ácida de ciúmes,
Pois é em seus braços que me abandono...
Sussurrando tolices ao seu ouvido.

De súbito, meus dedos desejam conhecer sua face...
E sua pele mostra-se deliciosamente convidativa,
Atrai meu toque como a uma presa.

Consegues a primeira vitória...
Minhas mãos passeiam por ti,
E seu verde espalha-se pelos espaços.

Ouço uma música formar-se no ar.
Viajar por entre as sua respiração harmoniosa,
Cadenciando as respostas do meu corpo.

Estendo-lhe a mão em um convite...
Você, ardilosa, o aceita,
Então dançamos.

Controlas a sedução como a um joguete,
Os movimentos, a música, os olhares...
Envolvendo-me em sua doce trapaça.

Aproxima-se lentamente agora,
Eu... sorvendo seu perfume
Desconcertantemente dúbio.

Não ouso defender-me...
Estou imerso em seus caprichos,
Olhos cerrados... o sublime; um beijo.

Mas tu não o entregas por inteiro...
Oferece-me desdenhosas partículas do teu infinito,
Que eu, desvairado, sugo até a última centelha.

Tomo a ti desesperadamente... e bebo.
Tua seiva se esconde em mim,
E procura desvendar meus segredos.

Deságua por entre as selas da minha lembrança,
Com as chaves tilintando em sua mão,
Oferecendo a liberdade como a um dom...

E de repente novamente danço...
Abraçado às projeções da minha mente,
Jubilando em um instante eterno de loucura.

O concreto enamora-se do sonho,
Trocam carícias mútuas,
Enquanto me perco em meu universo interior.

Suaves os movimentos...
Coloridas as percepções...
Pois hoje, somente hoje, meus olhos são verdes.
 

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