Hoje, meus olhos são verdes
Liberto-te do receptáculo que a aprisiona,
Você, libidinosa, ondula suas carícias...
Em um vulcão de sensações.
Fada de frescor falso e evanescente,
Brinca com meus sentidos
E os oferece ao infinito.
O anjo experimenta uma nesga ácida de ciúmes,
Pois é em seus braços que me abandono...
Sussurrando tolices ao seu ouvido.
De súbito, meus dedos desejam conhecer sua face...
E sua pele mostra-se deliciosamente convidativa,
Atrai meu toque como a uma presa.
Consegues a primeira vitória...
Minhas mãos passeiam por ti,
E seu verde espalha-se pelos espaços.
Ouço uma música formar-se no ar.
Viajar por entre as sua respiração harmoniosa,
Cadenciando as respostas do meu corpo.
Estendo-lhe a mão em um convite...
Você, ardilosa, o aceita,
Então dançamos.
Controlas a sedução como a um joguete,
Os movimentos, a música, os olhares...
Envolvendo-me em sua doce trapaça.
Aproxima-se lentamente agora,
Eu... sorvendo seu perfume
Desconcertantemente dúbio.
Não ouso defender-me...
Estou imerso em seus caprichos,
Olhos cerrados... o sublime; um beijo.
Mas tu não o entregas por inteiro...
Oferece-me desdenhosas partículas do teu infinito,
Que eu, desvairado, sugo até a última centelha.
Tomo a ti desesperadamente... e bebo.
Tua seiva se esconde em mim,
E procura desvendar meus segredos.
Deságua por entre as selas da minha lembrança,
Com as chaves tilintando em sua mão,
Oferecendo a liberdade como a um dom...
E de repente novamente danço...
Abraçado às projeções da minha mente,
Jubilando em um instante eterno de loucura.
O concreto enamora-se do sonho,
Trocam carícias mútuas,
Enquanto me perco em meu universo interior.
Suaves os movimentos...
Coloridas as percepções...
Pois hoje, somente hoje, meus olhos são verdes.
Este já é velho conhecido meu, muito bom.
ResponderExcluirInspiração digna ao texto