sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Museu Oscar Niemeyer abriga “Frida – Suas Fotografias”



Frida é minha filha mais inteligente, é a que mais se parece comigo”. Essa elogiosa frase, atribuída a Ghillermo Kahlo, é um dos registros instalados nas paredes do Museu Oscar Niemeyer que contribuem mais fortemente para o tom intimista da exposição “Frida – Suas Fotografias”, aberta à visitação até o dia 2 de novembro.

Mais do que apenas tomar conhecimento de fatos e imagens históricas ligadas à Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, o público mais atento têm a chance única de observar as linhas condutoras do amadurecimento do olhar de uma das mais expressivas artistas plásticas de que se tem notícia, capaz de desenvolver um estilo inconfundível de expressão, que tem sua gênese calcada no ambiente familiar fecundo e propício às artes, e que se delineia nas turbulências de um grave acidente, amores intensos – e plurais – e fervorosa atuação política.

Nas 257 fotografias – selecionadas cuidadosamente de um arquivo com cerca de 6.500 – é possível notar desde o fascínio do pai pelo autorretrato (paixão herdada pela filha e expressa em várias de suas obras); o apreço por diversas figuras familiares; a inspiradora Casa Azul; além da dor da artista devido a um acidente de bonde, sua luta para seguir pintando mesmo em processo de recuperação e, mais ainda, o modo como essa experiência traumática marcou para sempre, e de forma profunda, sua produção artística.

Merece um capítulo à parte a sessão dedicada aos registros relativos ao esposo Diego Rivera, também artista, com quem vivia um relacionamento de constantes tensões e que inegavelmente contribuiu para o afloramento de toda grande parte da carga emocional peculiar em seu niilismo. O esposo muitas vezes representou vetor de força que mantinha a genialidade de Frida efervescente, cujo comportamento reprovável impulsionava a pintora a buscar novas emoções, que acabavam por povoar suas telas.

Tanto vigor – dos dois – talvez também possa se achar nas causas do envolvimento político. A exposição também demonstra uma estreita ligação deles com grandes nomes da esquerda mexicana e internacional da época. Nomes como Emiliano Zapata figuram entre os retratados. Diego foi responsável pelo registro interno das instalações de uma das fábricas Ford em seu sistema de produção clássico, como forma de evidenciar condições de trabalho com as quais não concordava.

Diante de tal pluralidade de estímulos visuais, o visitante passa a filtrar sua visão do trabalho de Frida através também dessas referências, de modo que a exposição acaba por desempenhar um papel de evidenciar os moldes – se é que é possível falar em moldes – sob os quais se estrutura a concepção criativa da pintora, ressaltando ainda mais a unicidade de suas manifestações.

Serviço
Exposição “Frida – Suas Fotografias”
Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal Hermes, 999 – Centro.
Terça a domingo: 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)

Ingressos entre R$ 6 e R$ 3

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