Os pés recordam do caminho como se dele nunca tivessem se distanciado. Como é bom se deixar preencher daquele ar familiar. Cada desnível, cada gramínea, cada pequeno trecho de passeio, cada resquício do tempo parece impregnado de uma vida em suspenso, a esperar pelo encaixe de uma peça que lhe falta para que seja possível dar corda no andamento do mundo e restabelecer o cotidiano.
O gosto dos doces se mistura ao sabor das reminiscências pueris da terceira infância, enquanto o caminhante resgata em si mesmo a melhor parte do que jamais pode voltar a ser. Permite, sente, dá espaço à experiência de se reconhecer parte daquele universo roubado prematuramente...
E quando reconhece, ladeando a praça, a árvore de romã carregada de seus encantos sazonais, - os mesmos que pincelaram para sempre de um aroma escarlate as lembranças de seus mais vivos verões, - tem a certeza indelével de que é feito de única matéria chamada saudade
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