sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O beletrista sem palavras

Nunca pensei que viveria o dia em que me faltariam as palavras... Eu, beletrista incorrigível, que de cor sempre fiz verso; que de som sempre fiz música... Descubro-me mudo diante de ti. Não é que não haja o que ser dito, há um mundo de palavras querendo ganhar teus ouvidos, há um infinito de gestos represados em mim, sonhando em escrever-se no ar e viajar ao teu encontro... Sou eu, que de tanto amar - e de um amor tão novo - não encontro forma de expressá-lo que seja digna de você.

Meu silêncio não é mais do que reverência contemplativa... Da perfeição dos teus traços; do iluminar do teu sorriso; do oceano de tua pureza. Como perturbar a placidez de tuas águas com meus desarranjados sentimentos? Como encontrar o verbo que alcance uma fagulha de tudo o que guardo em mim?

Desde que tive sobre mim as joias negras do teu olhar, envergonharam-se minhas palavras, pois nunca hão de brilhar tão intensas, nunca terão mesma vida e estarão fadadas a apenas copiar sua luz por toda a eternidade.

Um comentário:

  1. Desde que tive sobre mim as joias negras do teu olhar, envergonharam-se minhas palavras...
    Fantástica essa frase, Rico!

    Olha só esse poema que fiz ainda na juventude, assombrado por um sentimento incandescente, de arrebatadora paixão, quando me vi mergulhado na vida de alguém, e fiquei sem palavras:

    "Tua face
    como se me amordaçasse
    me cala".

    Abraço!

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