sexta-feira, 18 de março de 2016

"Aforismo Americano"

O ano é 1868. O 17º presidente americano Andrew Johnson enfrenta um processo de Impeachment aberto pela Câmara dos Deputados (e que fracassa no Senado).

Na contramão da instabilidade política, talvez como reflexo do término da Guerra Civil, a Décima Quarta Emenda - que garante direitos iguais a todos os nascidos e naturalizados nos Estados Unidos, que residam sob sua jurisdição (exceto os indígenas) - passa a integrar a Constituição daquele país.

As fronteiras dos estados ainda não estão consolidadas, com os colonizadores europeus travando violentas batalhas territoriais com povos Cherokees, Arapahos, Kaiwas, Dakotas, Navajos e toda a miríade de etnias nativas norte-americanas. Massacres como o de Sand Creek já haviam deixado marcas de sangue nos campos de caça que dormiam sob A Lua Onde os Morangos Crescem.

Próximos do rio Arkansas, os "honrados" homens do general Custer desfilam por Fort Cobb com os escalpos de 103 Cheyennes, sendo 53 mulheres e crianças. Ato intensamente louvado por outro estrelado: General Sheridan.

Foi da boca deste segundo que, após aceitar a rendição forçada do líder Comanche Tosawa, foi proferida a frase: "Os únicos índios bons que já vi estavam mortos"

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 As ideias não estão presas ao tempo, muito menos reconhecem fronteiras. Mais de 140 anos depois, fragmentos residuais do mesmo ódio calcado sobre o preconceito e a intolerância saem dos escombros das memórias genéticas para assumir nova forma em outra máxima bastante constante nas bocas das elites (ou pseudoelites) brasileiras: "bandido bom é bandido morto".

Afora décadas de colonização cultural, não parece absurdo dizer que mesmo a deficiência moral característica do pensamento utilitarista e neoliberal bastante arraigada na sociedade norte-americana  possa ser "importada" para formar o escopo ideológico sob o qual se assentam os comportamentos sociopatas e\ou xenofóbicos de uma parcela crescente da sociedade brasileira...

Essa mesma parcela se mostra tão degeneradamente preguiçosa e dependente que não é capaz de formular sozinha seus próprios vícios de personalidade. Até mesmo o preconceito tupiniquim é fabricado e vendido em série...

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