quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

As ruínas do leprosário



Cada ranhura cresceu na agonia. Um passado que grita entre os vãos decrépitos das janelas mortas. Nos degraus, o peso do andar do abandono, da morada compulsória, da solidão doente... A medicina cega, patogênica, produzia e propagava a segregação e a doença ao invés de curá-la.

Nas ruínas de leprosário, o tempo jogou seus esporos e fez germinar o verde. Troncos ondulantes contorcem-se entre as brechas do passado para se acomodar e filtrar as vibrações que nas paredes ecoam. Mas nem tudo pode ser purificado. Há ainda o impacto do liceu-presídio-leprosário tentando esconder seu vergonhoso legado histórico, lutando contra o turista que, ao contrário quer vê-lo, deduzi-lo, desnudá-lo do melhor ângulo possível.

Foi-se a pompa, a soberba dos primeiros anos (1898), restaram os ecos da pretensa profilaxia entre os lucros da pequena comunidade. Talvez aí esteja uma pequena redenção...

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