domingo, 21 de julho de 2013

Carta de um amor (des)esperado

Uma grande amiga me disse certa vez, inspirada pelas ideias de André Comte-Sponville, que a verdadeira felicidade é aquela que não se espera, que nasce da ausência de expectativas e do contentamento com aquilo de concreto que já se possui. Nem preciso dizer que tal conselho escreveu-se em mim de forma indelével, e que sua veracidade vem se comprovando inúmeras vezes na medida em que o tempo passa.

Sendo felicidade e amor espécie de "irmãos siameses por afinidade" sempre me pareceu natural a extensão desta ideia, de modo a enlaçar os dois e tornar menos nebulosas algumas estradas pelas quais os sentimentos me levam a caminhar.

Clareza e intensidade porém nunca foram grandezas intimamente ligadas e, embora conserve relativa nitidez a respeito da postura (des)esperada a se manter diante de um amor (sim, admito, amor) que, embora se encontre pleno em cada fração da minha alma e em cada letra da minha escrita, não tem se mostrado possível, de modo algum o vejo esmaecendo, nem mesmo com a possibilidade da distância, que hoje vem bater à minha porta.

Consciente da importância do esforço de "não esperar", não posso, no entanto, fugir da necessidade que sinto de expressar o quão assustadora é essa perspectiva. Aprendi a necessitar daquele sorriso no momento em que se abriu pra mim, e, em todos os dias que se seguiram, nunca houve nada que quisesse mais do que apenas viver para vê-lo novamente. Se de fato os ventos continuarem soprando na direção do planalto central, deixarei nos pinheirais muito do que sou agora, a melhor parte do que sou agora.

Compreendo que o fato de enxergarmos o mundo de forma diferente tem muitas vezes nos afastado mas como já diziam os chineses:  "a verdade é um vaso quebrado do qual todos nós temos apenas fragmentos" e é por isso que sinto que cresço muito quando busco me aproximar das suas referências e imagino eu que, sob alguns aspectos (que só você pode dizer quais), haja alguma espécie de recíproca.

A verdade é que hoje se define uma parte importante do meu futuro e não poderia dar esse passo sem dizer que, seja como for, você representa muito mais do que sempre fui capaz de demonstrar e que, embora os versos deste poeta não tenham sido capazes de tocar seu coração, seu nome é a rima mais bonita que já contruí em toda minha poesia

Nenhum comentário:

Postar um comentário