quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Bailarina


"Depois de um dia estressante, nada melhor do que desenhar um pontinho preto numa parede branca, sentar em sua poltrona com um copo de whiskey na mão, fitá-lo e limpar a mente..." - dizia um grande amigo.

...

Então, quando a vida me trouxe um intervalo, dei experimentação à teoria. Veio à mente a tua imagem... Não me quis desviar. Principiei pelos olhos. De um desenho oblíquo, como a prenunciar o movimento que a alma e o corpo escreveriam. A cor... Um tom escuro, penetrante, mas luzidio... Tal como a noite do céu austral, antes da aurora se pôr a dançar. Ah sim! E como eram verdadeiros...

Quando passei às mãos, senti, de súbito, um desejo de enlaçar-me nelas, de envolvê-las como se minhas fossem... Quis a sensação do toque, unir-me a elas...

O sorriso foi o convite para a dança. Quando se moveram os lábios, o corpo venceu a inércia, dando forma ao seu bailar e expressão ao seu espírito. Confundiam-se música e movimentos. Reverenciava ela seu amor maior, sua natureza livre, seu despreendimento cósmico e sublime, enquanto giros e gestos escreviam-se em minha mente.

E eu, inebriado sim, mas de você, só pude sonhar com o dia de tornar-te minha.

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