terça-feira, 29 de maio de 2012

O Nobre e a Bailarina

Até mesmo o espanto do príncipe da Dinamarca defronte à figura do pai em espírito me parecia enfadonho. Então, abandonei Hamlet em troca da recompensa de simplesmente recordar teu sorriso. Há algum tempo, para mim, todo um reino é migalha diante do seu iluminar. E não há trama, por mais ardilosa que se demonstre, capaz de seduzir mais minha atenção do que a lembrança do seu doce existir.

Lembrei do júbilo, da plenitude que experimentei ao seu contentamento. E da alegria que senti ao poder compartilhá-lo. Não há ouro nem império capaz converter-se em valor maior. Ao acaso lancei os dilemas do rebento do finado. Pois encontrei vida a vibrar no teu olhar, e é dela que desejei impregnar minha mente.

Lamentei, novamente, o abraço que faltou mas me conformei com a certeza de que sabes que ele viria se soubesse que dele precisavas. Novamente me deixei sorrir.  

... e foi assim que ao cair da tarde, a bailarina derrotou o nobre, despindo-o do orgulho e da espada, para depois oferecer acolhida aos meus pensamentos.


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