sexta-feira, 25 de maio de 2012

Palavras de Maria Flor

Peço licença ao meu grande amigo João Guilherme Frey (pai da Maria Flor) para criar o título dessa postagem, pois o texto original não possui... e nem precisa na verdade... é puramente um pretexto para essa introdução.

...

Quero compartilhar com os leitores deste blog um dos textos mais lindos que já pude ler, de autoria do já mensionado amigo e jornalista João Guilherme Frey que, tenho certeza, já é um grande pai, pois transmite à sua pequena Flor todos os nobres valores que possui. Propagar suas palavras é o meu modo de agradecer a homenagem. Abraço João:




Hoje a Maria Flor me surpreendeu. Ela chegou na sala, engatinhando, com uma versão infantil Ilustrada d’O Capitalismo Parasitário, do Bauman. Nem sabia que existia essa edição, mas ela é bem espertinha pra idade; deu um jeito. Eu bem que reparei que ela tava meio séria, mas fiquei calado. Peguei o livro e de dentro dele caíram três folhas xerocadas. Um trecho de “De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso”, do Eduardo Galeano. Ela nem tentou esconder, ficou lá, com a cara meio amarrada.

Nesses momentos mais difíceis a gente sempre tá sozinho. A Mari tava no banho, não tinha a quem pedir socorro.

Fui compreensivo, achei que era meu dever como pai. Coloquei ela no meu colo e perguntei por que é que ela parecia tão aflita. Eu vi que ela ficou pensando se devia falar ou não, mas eu tava com uma cara tão calma que ela confiou e falou.
“Papai, tendo a oportunidade afirmar que a propriedade privada não pode se sobrepor aos direitos coletivos, por que é que a Dilma fez o contrário?”

- “Ixi”, eu pensei.

Mas ela continuou. “Porra, pai, (aí eu olhei com cara feia por conta do palavrão, mas deixei falar) tá cada vez mais óbvio que a gente tá caminhando pra um colapso ambiental, e um colapso ambiental é um colapso da humanidade. Tudo bem que a humanidade é meio complicada, mas a mesma humanidade que gerou o Lupion, gerou a Teresa, o Nego a Bianca, o Enrico a Letícia”.

Eu já tava desesperado, porque eu nem sabia que ela conhecia o Lupion. Eu e a Mari decidimos que algumas coisas do mundo a gente não ia contar tão cedo. Mas criança não tem jeito. Enfim, pra resumir e não ficar parecendo aquela história de pai mentiroso, ela olhou pra mim com uma cara de choro e falou: “a legislação ambiental do país tem a obrigação de garantir o equilíbrio para o futuro, pai. Não que eu queira, mas a Dilma, você, o Piau, o Ivan Valente, o Mario Mantovani e o Ronaldo Caiado vão morrer daqui uns anos. Você entende, pai? Não importa o posicionamento, não importa o partido não importa a grana, todo mundo vai morrer. Se é assim, pra que esculhambar tudo enquanto tá vivo, pô!?"

Eu tentei desconversar, mas o único jeito de acalmar a Flor foi tirar essa foto e prometer pra ela que ia passar pro pessoal. Ela disse que a Dilma tinha que ver. Eu expliquei que ela é muito atarefada, que dá trabalho ser presidente, mas não adiantou. Portanto, se alguém aí conhece a Dilma, diz à ela que a Maria Flor Alves Frey, filha do João e da Mari, quer que ela vete integralmente o texto do Novo Código Florestal.

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