quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Na presença do Rei



Quando um rei pisa o solo da sua cidade após seis anos da última visita não há como conter a ansiedade. Os fãs de blues da capital paranaense que estiveram no Teatro Guaíra, na última terça-feira (02),  se deleitaram ao som do canto de Lucille,  gentilmente comandado pela elegância do maior bluesman da história: Mr. B. B. King

Como é de praxe, a corte faz as primeiras honras. E foi com esse papel que a Big Time Orquestra subiu ao palco para "estender o tapete vermelho". Porém, por mais que o vocalista Zorba Mestre tentasse buscar certo nível de conexão com o públco, amparado por uma performance empolgada - e de boa qualidade - de seus instrumentistas, a noite era mesmo de Vossa Majestade e, para alguns, cada segundo do pocket show da Orquestra não era mais que um prato de entrada servido frio se comparado com o menu principal

Após cinco ou seis canções, a Orquestra deixa o palco e devolve a si mesma à condição de súdito. É quando já é possível observar alguns dos mais valorosos escudeiros do King solando divinamente - cada um a seu tempo - instrumentos que carregam em cada válvula, em cada corda, em cada prato ou tom nuances nascidas de anos dedicados à (boa) música

Uma vez maravilhado o público, Sua Alteza Riley Ben King assume o trono, intensamente reverenciado. Os seus primeiros cumprimentos se transfiguram em algumas notas fluidas e perfeitamente ritmadas, fruto de uma cumplicidade naturalmente suave - e de muitos anos - com sua Gibson ES-355 named Lucille

Os mesmos ouvidos extasiados pelos acordes pincelados e improvisações perfeitas em Thrill is Gone encontraram singeleza e empatia na voz de King durante You are My Sunshine, quando quis trazer o público para perto de si, pedindo coro no refrão da canção (com direito à contagem em português).

Empatia talvez tenha sido o traço mais marcante da apresentação realizada em Curitiba. Enquanto musicalmente ancorado por uma banda de apoio de excelente qualidade, King postou-se como uma espécie de cicerone, de "amigo de conversa na varanda" trazendo ao palco a mesma leveza dos ventos do Mississipi - his hometown - e o sorriso matreiro de quem sabe muito bem como ganhar o amor (as vezes expresso aos berros) de um público que, em sua maioria mesmo sem entender suas piadas, esteve o tempo todo aos pés da lenda.

Abaixo o link do video da apresentação veículado no site da Gazeta do Povo


     

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